Nem queda de luz nem problema de gerador. Quem passou pelo prédio da DM9DDB ontem à noite e se deparou com a agência às escuras, presenciou a adesão da agência à manifestação mundial programada para ontem, para chamar a atenção dos líderes mundiais para o problema do aquecimento global. Tradicionalmente iluminado até tarde da noite, o prédio da sede da agência, em São Paulo, apagou todas as luzes por cinco minutos, das 19h55 às 20 horas, a exemplo do que também aconteceu na DM9 Rio e em Brasília. A iniciativa foi do próprio Sérgio Valente, que utiliza energia solar em sua casa e é defensor da coleta seletiva de lixo. Da vida pessoal à agência, a reciclagem ganhou força oficial na DM9, para minimizar a participação que cada um tem nos problemas que afetam a todos, quando Valente instituiu na agência o progrmaa Eco9, há seis meses: adesivos nos interruptores da agência lembram a todos que é necessário apagar as luzes quando um ambiente está sem uso, como o caso dos banheiros, e, ao lado das impressoras e copiadoras, cartazes pedem que as folhas de papel A4 para reciclagem devem ser colocadas em cestas próprias.
O apagão de ontem ecoou uma idéia surgida na França, da ONG ambientalista Aliança pelo Planeta, e que acabou ganhando vulto mundial sob a forma de corrente na internet. O pedido era simples: que se apaguem lâmpadas e aparelhos elétricos por cinco minutos no dia 1 de fevereiro, de forma a chamar a atenção dos que têm poder de decisão nas questões que envolvem o desperdício de energia e à urgência de se agir face às mudanças climáticas. Traduzido para o português, o email se espalhou pelo Brasil, explicando que a diferença de fuso horário com relação à França não tem importância porque o Brasil se manifestará ainda no dia 1º de fevereiro.
A escolha do dia 1 de fevereiro para a manifestação se deveu ao fato de acontecer nesta semana, em Paris, a reunião do Grupo Intergovernamental sobre a Mudança Climática – IPCC (sigla para, em inglês, Intergovernmental Panel on Climate Change). Criado pela ONU em 1988, o IPCC, que reúne cerca de 500 especialistas de diversos países, com o objetivo de analisar, em intervalos regulares, as informações científicas, técnicas e socioeconômicas relevantes para uma melhor compreensão quanto aos riscos trazidos pelas mudanças climáticas provocadas pelo homem. O estudo abrange desde as possíveis conseqüências às possibilidades de se atenuar o problema. Os dois primeiros estudos divulgados pelo IPCC levaram à elaboração, em 1992, da Convenção da ONU sobre a Mudança Climática e, cinco anos depois, do Protocolo de Kyoto, para o combate ao efeito estufa – que expira em 2012. Nesta sexta-feira, o IPCC divulgará seu relatório o quarto, desde sua criação de mil páginas sobre o aquecimento global. A partir dele, seus 500 delegados redigirão um texto-síntese destinado aos líderes mundiais. Em seu último relatório, de 2001, o IPCC apontou uma possível alta da temperatura média do planeta de +1,4 grau a +5,8 graus até 2100, em comparação a 1990, levando em conta o cenário socioeconômico de então.