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O banheiro. Esse templo da modernidade - Revista Publicittà O banheiro. Esse templo da modernidade - Revista Publicittà

O banheiro. Esse templo da modernidade

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É infalível. Em campanhas publicitárias de produtos de beleza ou quando o assundo são bebês, lá está o banheiro. Esse espaço também é protagonista em algumas peças quando se trata de vender  revistas e jornais, sem falar na obviedade dos materiais de construção. E, agora, até aparelhos de televisão de última geração, além de moda e perfumes, têm como cenário o banheiro e tudo o que ele envolve.
Para tentar descobrir porque o banheiro está sempre presente em diferentes situações e qual a visão que o paulistano de classe média tem desse espaço indispensável, a Rino Publicidade e a sua empresa Club decidiram fazer uma alentada pesquisa: O Banheiro – Usos e significados. Foram enviados 20 questionários para a parte qualitativa da pesquisa e entrevistadas 300 pessoas na parte quantitativa.
O que se descobriu pode ser o que você pensa do banheiro. Veja:

1. Refúgio onde a privacidade é respeitada
2. Espaço onde as pessoas se sentem únicas – exercem o direito de ser o centro
das atenções, o tempo é usado em seu próprio benefício: é onde se banham,
se cuidam, se olham no espelho, se observam, se enfeitam.
3. A tranqüilidade do banheiro, a privacidade que oferece, além da sensação de
conforto propiciada pelo banho, elevam o banheiro à condição de ambiente
de reflexões, decisões e até mesmo de oração.
4. Ambiente onde as emoções afloram sem pudor, onde se pode chorar,
extravasar alegrias e tristezas.
5. É também um espaço livre para que a sensualidade brote sem censura.
6. Além de tudo isso, o banheiro é ainda um espaço de onde se sai com a
sensação de renovação.

Há, no entanto e como seria de esperar, uma parcela significativa de pessoas que vêem o banheiro de uma forma mais fria e pragmática: lugar para higiene e necessidades fisiológicas. Mas o que interessa à publicidade e aos produtos de higiene e limpeza, assim como outros itens, é a visão lúdica, prazerosa e reconfortante que o banheiro expõe para muitos.

A terapeuta ocupacional Karen Atalla, que tem uma filhinha de quatro anos, a Sophia, é um exemplo típico: “Sempre que posso compro vários produtos de banho para brincar com minha filhinha na banheira. É um momento mais do que de intimidade, é o meu lado mãe e lúdico que alegre o meu dia e recompõe minhas energias”. Ela não se importa em deixar nos balcões de lojas como a L”Ocitane ou Lush dinheiro que daria para comprar pilhas de sabonetes por um sabão diferente capaz de fazer bolinhas e perfumar o ambiente. Quando o assunto é reforma, então, a sua primeira preocupação é o banheiro do amplo apartamento em que mora no bairro paulistano de Higenopólis.

O badalado arquiteto paulistano João Armentano, irmão da diretora da agência de publicidade DPZ Angelica Armentano, percebeu essa mudança. Na fase qualitativa da pesquisa da Rino, ele foi preciso em sua anotação: “A arquitetura vive de tendências. O banheiro é hoje o que o home theater foi há quatro anos. Tudo mundo quer ter um que seja maravilhoso”. É uma verdade. O banheiro da empresária Maria Cecília Vieira de Carvalho Mesquita é daqueles enoooooormes, como diria a colunista social Danuza Leão. É nele que a sócia do Grupo Estado se prepara, sempre impecável com cabelos onde nenhum fio parece fora do lugar, para enfrentar a sua rotina social e de trabalho, coordenando o Suplemento Feminino do Estadão.

Não são apenas as mulheres que encontram no banheiro o refúgio e privilegiam esse espaço. Tim Maia gostava de dizer que era no banheiro que realizava seus melhores ensaios. Cantar no banheiro, aliás, não é mania nacional. A famosa soprano Maria Callas, ex-mulher de Aristoteles Onassis antes que este conhecesse Jackie Kennedy, é outra que soltava a voz no banheiro, treinando seu canto que encantava platéias do mundo inteiro.

A pesquisa da Rino também mostrou que são os consumidores em idade de maior poder aquisitivo, entre 30 e 50, que mais vêem o banheiro com outros olhos, como lugar ideal para outras atividades muito além do banho. E ninguém parece temer fazer outras coisas no banheiro, nem ter o temor que uma das mais marcantes cenas da cinematografia mundial, a do filme “Psicose”, de Alfred Hitchcock
tenha como cenário esse espaço de conforto e privacidade.

Não é sem motivo que o banheiro, há algum tempo virou mídia. São postais e até propaganda que invade o espaço para dar o recado. Desde jornal para ler em frente a vasos sanitários a mensagens alertando para produtos, de preservativos aqueles comprimidos para evitar a ressaca do dia seguinte.

Em 1996, percebendo a importância que o banheiro ganhava e a necessidade de inovar em design de produtos instituiu o Prêmio Deca Um Sonho de Banheiro, um dos principais prêmios do mundo da arquitetura e decoração, que reflete a preocupação da empresa em reconhecer e premiar os grandes talentos da arquitetura e decoração, responsáveis pela inovação e criatividade neste segmento.

Em 2005, a Deca chegou a exibir na Bienal de São Paulo uma mostra ( O Banheiro na História) que levantou importante acervo iconográfico e de informações que está disponível no site (www.decaclub.com.br). O texto que segue é parte do trabalho realizado pela Deca para mostrar que esse espaço, que tanto aparece na propaganda, tem história. Muita história.


Antiguidade

A Antiguidade nos mostra, por meio dos vestígios arqueológicos, desenvolvidos sistemas de canalização. Os banhos e diversos cuidados com a higiene pessoal nas sociedades egípcia e chinesa eram bastante comuns. Os egípcios construíram por volta de 2.500 a.C. banheiros elaborados dentro das pirâmides, certamente a fim de tornar a eternidade dos faraós mais agradável.

Nossos antepassados clássicos, principalmente os gregos e os romanos, são precursores de sistemas hidráulicos que canalizaram águas pluviais e fluviais, conduzindo-as para as residências e para as termas.  
Nos banhos públicos aconteciam reuniões, encontros, conversas e acordos que impulsionavam tanto a política como as artes e as ciências. As Termas, piscinas aquecidas por aquecedores a lenha sobre os pisos, tinham diversas variações de calor. Calidárias ou Salas Quentes, Tepidárias ou Salas Mornas e Frigidáiras ou Salas Frias.
 

Idade Média

A Idade Média, muito apropriadamente chamada de Idade das Trevas, protagoniza o total sepultamento dos hábitos de higiene. A Igreja, poder político e cultural absoluto, abominava os banhos tratando-os como “Orgias Pecaminosas”.
 
Tem início então um período de imundície com conseqüências desastrosas para a Europa. Segundo os sanitaristas, as constantes epidemias que assolaram o Velho Mundo durante a Idade Média foram provenientes da total ausência de higiene por parte da população. As necessidades fisiológicas eram “despejadas” pelas janelas.

Na França, para avisar os transeuntes sobre a “descarga” dos detritos, convencionava-se falar “Gardez L”eau” [lá vai água]. Acredita-se que dessa expressão tenha se originado a expressão Loo, que significa banheiro na Inglaterra.

Nos castelos as latrinas consistiam de quartos com um buraco e um assento de madeira. Esses “banheiros” eram escuros, pois, acreditava-se que no claro as moscas e demais insetos se aproximavam e transmitiam doenças. Nos castelos ingleses essa salinha podia ter sob o assento de madeira um barril denominado Privie. Para esvaziar essas latrinas havia o esvaziador.

Os mais privilegiados senhores possuíam um artefato móvel onde defecavam. Este artefato é conhecido por nós como penico.

Os banhos eram escassos, quase inexistentes. Em famílias pobres, quando eles aconteciam, a água servia para banhar a família inteira em uma tina. Primeiro os homens, depois os filhos e por último as mulheres.
 
Século 18


No século XVIII, começamos a perceber a retomada das questões de saúde pública e os reflexos na higiene pessoal. A ciência moderna passa a ditar as regras. 
 
Em 1775, em Londres, Alexander Cunnings desenvolve um sifão para os vasos sanitários, reduzindo assim os odores. O vaso sanitário aparece para substituir o indelével penico medieval. 
No final de século XVIII, os Arquitetos passam a incorporar o banheiro como um cômodo dentro da casa. No século XIX, os artefatos dos banheiros adquirem estética própria e são desenvolvidos em materiais ricos como mármore, louça, metais etc…
Os sistemas de canalização começam novamente a funcionar, mesmo que de forma incipiente.
 
Os banhos davam-se em tinas e a higiene diária ocorria por meio do famoso gomil em penteadeiras ou toucadores. A primeira banheira foi produzida em cobre, nos EUA, em 1800.
 


Séculos 19 e 20

O século XX impôs um salto quantitativo na qualidade de vida das sociedades.
 
A água encanada, o saneamento básico e mudanças culturais fizeram com que a civilização moderna se tornasse seguramente mais limpa e saudável. Os avanços tecnológicos foram decisivos para que se desenvolvesse uma sociedade voltada para a limpeza, beleza e bem estar. Tomar banho passou a ser tarefa diária e prazerosa.

À sujeira, se impôs o distanciamento necessário na vida diária. As descargas, os sifões e outros inventos tornaram-se instrumentos obrigatórios em qualquer espaço destinado a toilette.

Os chuveiros entraram definitivamente na vida cotidiana.
 
O mundo moderno passou a cultuar o banho e o as-seio como uma forma de preservação da saúde e do bem estar. A decoração dos interiores das casas chega até os banheiros e passamos a observar a modifi-cação estética desse espaço que se torna no final do século XX, um espaço de descanso e saúde, um SPA.
 
Para os americanos o banheiro é como um apêndice do quarto. 
 

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