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O REI DE IFÉ ESTÁ ENTRE NÓS

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Desembarcou na cidade do Rio de janeiro o Rei Oni de Ifé, líder do povo Yoruba, na Nigéria, com sua comitiva de 150 pessoas, além da rainha Diambi Kabatusuila, do Congo. A visita intuito de reaproximação dos afrodescendentes do Brasil aos países africanos para desenvolvimento e trocas culturais e econômicas entre os yorubás e a comunidade negra no país na construção de um novo marco civilizatório, onde a união entre pessoas negras de todo mundo está em progresso. Em entrevistas o Rei de Ifé trouxe mensagens de cooperação e identidade para além de limites territoriais: “Os afrodescendentes precisam saber. Nós não somos escravos. Nós fomos escravizados. Os negros brasileiros pertencem a linhagens de reis, rainhas. Nós podemos falar línguas diferentes, mas somos da mesma família. Nós viemos nos associar a vocês. Todos os dias vocês precisam acordar, porque têm que contribuir imensamente para este mundo”, afirma o Rei.

Essa movimentação, que também deve ser associada à filosofia do Nacionalismo Preto do século XIX, está cada vez mais latente pela grande representatividade em números de afrodescendentes. O Brasil é o segundo país de maior população negra no mundo, perdendo apenas para a Nigéria. Cada vez mais a população brasileira aumenta sua autodeclaração como pretos e pardos, nos últimos anos o número de afrodescendentes aumentou em 14% segundo IBGE, demonstrando a ruptura de uma cultura eugenista e o crescente orgulho de sua ancestralidade africana. “Nós precisamos transmitir as informações de nossos antepassados para que promovamos a justiça, a igualdade e equilíbrio da sociedade”, disse a rainha Diambi, do Congo.

Outra ação que tem mobilizado brasileiros para a chamada “Nova” Globalização é o MIPAD – Most Influential People of African Descent, em 2018 em sua segunda edição,vem divulgando a lista dos 100 afrodescendentes mais influentes do mundo (abaixo de 40 anos). Com apoio da ONU Internacional, para além de um reconhecimento o MIPAD conecta executivos e personalidades que causam impacto global em suas atividades. Este ano os brasileiros nomeados já divulgados são: Marcus Vinicius Marinho na categoria de Política e Governança; Lisiane Lemos, Paulo Rogério Nunes e Nina Silva, estes últimos escolhidos na categoria de Empreendedorismo e Negócios devido ao fomento do Black Money através de iniciativas como Vale do Dendê – aceleradora para afroempreendedores e do D’Black Bank – fintech de negócio social de fomento e serviços financeiros ao ecossistema negro, respectivamente. Os contemplados das categorias Mídia & Cultura e Humanitarismo & Religião ainda serão anunciados pela organização que promete ter ainda mais brasileiros nomeados por reconhecer a importância do Brasil para o diálogo das entidades negras ao redor do mundo.

Além da conferência e premiação que ocorrerá em Nova Iorque no final do mês de setembro, outras atividades fazem parte do MIPAD100 ao longo do ano, como conferências nos Estados Unidos e em países africanos. Nina Silva, sócia fundadora do D’Black Bank comenta que a partir da nomeação os premiados têm recebido convites para palestrar junto a outros executivos negros fora do país: “a partir do MIPAD tenho tido a oportunidade de ampliar minha rede de trabalho com empreendedores e profissionais negros influentes globalmente e recebi o convite para palestrar no Ghana Tech Summit”. Para Lisiane Lemos, também nomeada na classe 2018  “o MIPAD além de reconhecer agentes negros da transformação visa conectar, dar visibilidade e potencializar as relações empresariais dentro e transcendentes ao grupo. Expandir e se reconhecer em outras pessoas que também passam pelas mesmas dificuldades mesmo sendo de outros países, pelo fato de ser negro é a possibilidade de fortalecer grupos em maior abrangência para gerar nossas próprias oportunidades”.

Mas o que a visita do Rei Oni de Ife, a Rainha Diambi, a ONU, o MIPAD e o Black Money possuem em comum?

Africanos e afrodescendentes de todo mundo reconhecem que este  é o momento de retomada e levante negro. A população negra no Brasil consome anualmente R$1,6 tri. Este generoso valor, normalmente, vai para empresas que não respeitam as nossas pautas e muitas vezes não enxergam o potencial econômico de seus clientes negros. Consumir internamente faz com que modifiquemos toda uma lógica econômica: contribuímos para uma geração de emprego e renda, principalmente para aqueles que são preteridos no mercado de trabalho. E incentivamos o crescimento dos afroempreendedores.” diz Rodrigo França, Sociólogo, ator e diretor de teatro.

A ONU declarou de 2015 a 2024 a década dos Afrodescendentes no mundo, várias federações têm assinado acordo de desenvolvimento regional e global em cooperação com a instituição para projetos que tragam real transformação na realidade da população negra e diminuição das desigualdades, no entanto no Brasil esses projetos estão concentrados na sociedade civil sem visibilidade na mídia ou acordos governamentais.

O momento para este realinhamento entre as Diásporas e o Continente africano não poderia ser melhor, investimentos e acordos de cooperação vêm aproximando países “emergentes” que hoje são potências econômicas determinantes, por exemplo o expansionismo Chinês que tem feito o mundo testemunhar uma disputa de eixo de poder que vem provocando um crescimento acelerado nos países africanos, tais como: Etiópia (+8,5%); Costa do Marfim (+7,6%); Djibouti (+7%); Senegal (+6,8%); Tanzânia (+6,5%), afastando-os da herança miserável do colonialismo europeu, afirma Alan Soares _ fundador do Movimento Black Money.

Para Nina Silva, especialista em gestão de negócios e tecnologia, o Brasil está de forma tardia expandindo a conexão de afro-brasileiros e demais negros a nível global mas com a transformação digital este “atraso” pode ser recuperado: “Consumimos mas não somos incluídos no mercado, então sejamos nosso próprio Mercado. Urge unificarmos as relações socioeconômicas entre pretos com o intuito da real libertação das estruturas de opressão e mantenedoras das desigualdades no mundo” complementa.

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