Zuza Tupinambá retornou à Ogilvy & Mather há seis meses e durante este período promoveu uma série de mudanças. Na criação, por exemplo, contratou o publicitário Amaury Bali Terçarolli (ex-Carillo Pastore Euro RSCG), que assume o cargo de diretor de criação da agência, ao lado de Virgílio Neves e Martan Neto, que ocupam a mesma função. Cada um deles comandará cerca de três duplas cujo trabalho estará focado num grupo de contas principal, com a possibilidade de atenderem outros clientes conforme a demanda de trabalho. Nesses últimos 6 meses, fiz uma imersão junto aos nossos clientes e percebi que o que eles querem é comprar idéias, seja para uma campanha, novo modelo de negócios ou um novo tipo de mídia, conta Zuza Tupinambá, primeiro criativo na presidência da Ogilvy & Mather no Brasil.
Essa nova estrutura ajudará a alimentar o crescimento da agência – que possui 450 funcionários e responde hoje por cerca de 70% do faturamento da Ogilvy Brasil – e poderá até ser exportada para outros países. O objetivo é resgatar o posicionamento criativo da Ogilvy nos principais rankings mundiais e fazer com que sejamos reconhecidos pela qualidade do trabalho que já entregamos atualmente, conta Tupinambá.
Mundialmente famosa pela sua criatividade, a propaganda brasileira tem sido alvo de diversas críticas. A performance registrada recentemente nos mais importantes festivais do mundo é um dos fatores que alimentam os diversos tipos de análises. O Brasil se afastou de sua cultura e passou a projetar referências estrangeiras. Perdeu-se a identidade brasileira, diz Zuza Tupinambá.
O novo modelo de atuação implementado por Zuza pretende também resgatar o melhor da criatividade brasileira. O executivo está unificando a criação de todas as unidades do grupo, reunindo profissionais multidisciplinares, capazes de aplicar uma idéia neutra na disciplina que for mais pertinente para a marca do anunciante, seja no mundo on-line ou off-line. Hoje, o publicitário não pode ser criativo de uma só mídia. Com a filosofia 360º Branding da Ogilvy & Mather, encontrei as condições ideais para implementar uma estrutura que privilegiasse essa nova postura, comenta Zuza.
A idéia neutra abre a possibilidade para uma atuação diferenciada. Acostumado a recorrer a especialistas, o mercado brasileiro ganha um formato inovador de atuação. Na Ogilvy & Mather, o cliente terá o melhor de cada especialidade. E quando precisar de uma comunicação em 360º, terá esse trabalho todo sob a liderança do próprio Zuza, escolhido por Shelly Lazarus, presidente mundial da Ogilvy & Mather, e Sérgio Amado, chairman do board e presidente da Ogilvy Brasil, como representante de todo trabalho criativo arquitetado em 360 graus no Brasil.
Atendimento de mídia
Já o atendimento e mídia, passam a atuar de forma mais próxima para potencializar o trabalho de gestão das marcas. Eles trabalharão em duplas na tentativa de definir a necessidade do cliente, revela o publicitário. Zuza vai implementar esse novo processo de trabalho em todas as operações da Ogilvy & Mather em São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Belo Horizonte e Brasília, todas sob seu comando atualmente.
Mesa de compras
A Ogilvy & Mather desenvolve anualmente mais de 400 filmes e cerca de 800 materiais gráficos, incluindo a produção de 200 fotos, ilustrações, anúncios all type, entre outros. O volume gigantesco de trabalho explica a criação de uma mesa de compras, cujo objetivo é intermediar as negociações financeiras com os clientes, principalmente aquelas ligadas à compra de serviços da área de produção. Muitas vezes, o cliente não consegue compreender o motivo pelo qual dois filmes podem ter preços tão diferentes, comenta Zuza, que deve anunciar oficialmente a montagem da mesa de compras dentro de um mês. Segundo ele, o objetivo é preservar o talento dos profissionais e encontrar um equilíbrio entre a qualidade do trabalho e a necessidade do cliente de equilibrar os custos. Baseada em informações técnicas, a mesa de compras da agência vai negociar os valores, evitando desgastes com os clientes.
As áreas de planejamento, atendimento e mídia também passaram por mudanças. O planejamento, que antes estava ligado ao atendimento, trabalhará agora com a criação, pela sua capacidade em orientar a linha criativa das ações. O planejamento encurta o caminho de pensamento para que os criativos possam chegar a um posicionamento mais certeiro e de forma mais rápida, comenta Zuza.