A histeria do título entra como mote para investigação de uma linguagem para o texto e a encenação de Márcio Pizarro, assim como para a atriz e performer Andrea Pita. Assim, não se trata de mostrar a histeria clínica descrita por Freud, mas de histericizar o mundo contemporâneo. Para isso, a atriz-performer se desloca entre perguntas e figuras de cena, alterando-se em um jogo que multiplica máscaras, estados energéticos e personagens de cena.
Diante de uma sociedade que acelera a substituição dos produtos e o acúmulo de objetos que realizam o tamponamento de nossas zonas de vazio, produzindo cada vez mais angústia, a histérica pergunta.
Há uma procura de revelação de verdade dirigida à Mídia. A Mídia deveria saber responder às afetações promovidas pela atriz-performer histérica durante a cena neste one-woman-show.
Entre as personagens/aparições estão uma diva da ópera – Maria Callas? – que perde seu lugar sagrado na era da reprodução técnica, mas que não é capaz de entrar num supermercado; uma apresentadora de TV revoltada com a condição a que o público a submete; uma Senhorita Else que de personagem de romance de Schnitzler (contemporâneo de Freud, também considerado como pornográfico à época), é atualizada numa private dancer que se põe à venda num reality show.
Aparece também uma Miranda tomada da Tempestade de Shakespeare. Resultante de um hibridismo imaginário entre Próspero (que aparece como a voz de Paulo César Pereio) e Calibã, coloca em questão as fronteiras movedias entre cultura de massas, popular, erudita e arte pop.
E como não poderia faltar numa abordagem histérica contemporânea, aparecem também personagens queer, como a lésbica feminista e um travesti munido de comentários mordazes, fazendo deste cabaret uma zona livre de entretenimento no campo de concentração em que se transformou a sociedade.
A atriz-performer se pergunta: por que o sacrifício diante de tanto entretenimento? Como lidar com o próprio desejo de espetacularização exibicionista? Arte como cultura ou como transcendência desta? Existe ainda lugar para o amor?
Dias 26/07 e 27/07, quinta e sexta-feira, às 21h na Sala Subterrâneo
Instituto Cultural Capobianco
Rua Álvaro de Carvalho, 97 – Centro
Estacionamento no nº 164 – R$ 4,00
Metrô Anhangabaú
tels. 3237 1187 / 3255 8065
www.institutocapobianco.org.br
Sala Subterrâneo
Data: 26 e 27 de julho, quinta e sexta-feira
Horário: 21 horas
Valor do ingresso: R$ 20,00 (meia R$ 10,00)
Lotação 40 lugares
Horário de bilheteria: sáb das 18h às 20h e dom das 16h às 18h
Reservas pelos tels (11) 3255 8065 / 3237 1187 de seg a sexta das 10h às 18h.
Pagamento em dinheiro ou cheque.