Giovana Perfeito
Agência sebrae
Produção de flores tropicais no Brasil possui um mercado interno potencial de 150 milhões de consumidores e um mercado externo que movimenta cerca de US$ 9 bi.
AmpliarBrasília – Faltam poucos dias para o início dos Jogos Pan-americanos no Rio de Janeiro. Para esse evento internacional, não são apenas os atletas que estão se preparando. Pequenos produtores de flores e folhagens tropicais dos estados de Alagoas, Pernambuco e Bahia trabalham contra o tempo para entregar uma tonelada desse produto para as decorações da cerimônia de abertura do Pan, que será realizada no dia 13, no estádio do Maracanã.
Helicônias, Alpíneas, Bastão do Imperador e Musas estão entre as espécies de flores tropicais que serão usadas para ornamentar a tribuna de discursos, as salas de imprensa e do comitê organizador e para montar os 30 buquês que serão entregues às autoridades. Também serão utilizadas folhagens como as Cordilíneas e o Mulambo. Tudo isso para dar um colorido brasileiro ao Pan 2007.
Apoiados pelo Sebrae, os produtores da Comflora e Flora Atlântica, em Alagoas, Florassulba, na Bahia, e Perflora em Pernambuco, organizados em associações ou cooperativas, estão doando flores e folhagens tropicais para o evento. A coordenadora da carteira de floricultura do Sebrae Nacional, Léa Lagares, ressalta que essa participação é importante para dar visibilidade à floricultura. “Trabalhamos com o objetivo de colocar esses produtos em eventos de destaque. Essa é uma oportunidade de mostrar a exuberância e a diversidade das flores tropicais brasileiras”, diz. Foi com esse intuito que a coordenadora fez contato com o comitê organizador dos jogos e conseguiu abrir espaço para os produtores brasileiros mostrarem os seus trabalhos.
Eliane Bezerra, proprietária da empresa pernambucana Atlantis Flora Tropical, sabe como a participação em eventos desse porte traz benefícios. Na visita do Papa Bento XVI ao Brasil, as flores tropicais cultivadas por ela estavam presentes no Mosteiro São Bento em São Paulo. “Isso rendeu repercussão na mídia e também muitas encomendas”, ressalta.
Agora, os produtores de Pernambuco, associados à Perflora, da qual Eliane faz parte, vão enviar para o Rio de Janeiro cerca de 3 mil hastes de flores e folhagens tropicais, juntamente com os produtores da de Alagoas e da Bahia . “Para o Pan, estamos enviando principalmente as variedades em tons amarelo e laranja, como destaque das cores oficiais do evento”, conta.
Em Alagoas, Maria Emília Accioly, representante do grupo gestor do projeto de flores, é uma das produtoras envolvidas nesse trabalho. Ela cultiva flores tropicais há 13 anos. É uma das pioneiras na região. Em 30 hectares, Emília cultiva 150 variedades de flores e folhagens tropicais. “O Sebrae nos dá apoio incondicional. Além da vitrine que teremos no Pan, a Instituição nos proporciona capacitação em gestão empresarial, fundamental para o sucesso de qualquer empresa, acesso a mercado, por meio da participação em missões técnicas e empresariais, feiras, rodadas de negócios, além da articulação com outros parceiros para investir nos projetos em cada estado”, destaca Emília.
Ornamentação
A decoração da abertura e do encerramento dos Jogos Pan-americanos ficará por conta da microempresária alagoana Eva Amaral, da empresa Bagatelle Decorações e Eventos. “Meu trabalho foi indicado ao comitê organizador e me sinto muito honrada em poder fazer essa ornamentação”, diz. Eva vai usar tons étnicos que destaquem características brasileiras. “Serão tonalidades de amarelo, laranja e vermelho”, cita.
Para os buquês, Eva vai usar renda de filé, que faz parte da cultura do Nordeste. Além das flores e folhagens tropicais que ela vai receber dos produtores, para esse trabalho Eva está levando cerca de 30 quilos de artesanato. “Estou carregando, por exemplo, simulações de coqueiros feitas por artesãos da região”, ressalta.
Florista há 15 anos, Eva vai criar uma ornamentação de vanguarda e com a ‘cara’ do Brasil, valorizando a exuberância das flores e folhagens. “Estou muito feliz de participar desse momento histórico. Espero que as pessoas gostem do que vamos apresentar”, diz. Os florais que farão base para a decoração serão fornecidos pela Espuma Floral Oásis.
O gestor do projeto de floricultura do Sebrae/AL, Manoel Affonso Mello Ramalho, destaca que devem ser usadas cerca de 40 variedades de folhas e folhagens tropicais na abertura e no encerramento dos Jogos Pan-americanos. O projeto de flores tropicais em Alagoas reúne cerca de 35 produtores. Anualmente, 30 milhões de hastes de flores e folhagens são produzidas em uma área de 128 hectares. “Nesse evento o mundo vai conhecer um pouco dessa produção. É uma verdadeira vitrine de oportunidades”.
Com a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, a participação desses produtores em eventos de grande porte deve aumentar. Segundo Lea Lagares, esses empresários devem se organizar para participar com mais freqüência de compras governamentais. “Com essa legislação, as micro e pequenas empresas podem concorrer de forma mais igualitária com as de maiores portes”, diz. Isso ocorre por que a Lei fixa o limite preferencial de R$ 80 mil para compras de micro e pequenas empresas sempre que houver empresas desse porte em condições de fornecer a preços competitivos.
A produção de flores tropicais no Brasil tem potencial de mercado interno de mais de 150 milhões de consumidores e um mercado internacional que movimenta cerca de US$ 9 bilhões por ano. Esse mercado amplia-se cada vez mais por conta da grande aceitação das flores tropicais pelo mercado e em razão da beleza, variedade de formas e cores e durabilidade dos produtos nacionais.