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As meninas do Brasil - Revista Publicittà As meninas do Brasil - Revista Publicittà

As meninas do Brasil

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Os Jogos Pan-Americanos Rio 2007 começam oficialmente hoje, com a abertura solene da competição no Maracanã, mas algumas modalidades já entraram em campo. As meminas do Brasil da equipe de Futebol deram ontem de goleada no Uruguai por 4 a zero. Mas o que acontece com esse time brilhante, de meninas destemidas, fortes candidatas ao ouro, que ele não tem patrocinadores de peso e nem visibilidade? A repórter Yara Aquino, da Agência Brasil, saiu a campo e produziu duas belas reportagens abordando o assunto, as quais publicamos, certos de que agências de publicidade e anunciantes fiquem mais atento a esse belo movimento da equipe brasileira, captado nas lentes do fotógrafo Wander Roberto, do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Boa leitura

Foto: Wander Roberto/COB

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Na véspera da abertura oficial dos Jogos Pan-Americanos, o time de futebol feminino abriu a participação do Brasil na competição. O time entrou em campo e venceu o Uruguai por 4 a 0 dentro do moderno estádio João Havelange, que contrasta com a escassez de investimentos e visibilidade do futebol feminino brasileiro. Embora atualmente a seleção seja vice-campeã olímpica e esteja disputando o bicampeonato no Pan, falta patrocínio e o esporte só tem espaço nos noticiários na época de grandes competições.

A falta de incentivo se reflete na baixa participação dos times femininos nas competições. No campeonato brasileiro de 2006, por exemplo, estiveram presentes apenas oito equipes e pouca gente soube que o Botucatu, time de São Paulo, foi o campeão. Os números são pequenos quando comparados com as competições masculinas. Do campeonato brasileiro de 2006 participaram 20 times da primeira divisão, número definido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

“Alguns clubes pagam bem, alguns tem o Bolsa Atleta que ainda dá para sobreviver, mas espero que com esse Pan dentro de casa os dirigentes possam se mover melhor para organizar o futebol feminino e a gente não tenha que sair do nosso país para sobreviver”, afirma a zagueira Tânia Maria Ribeiro, uma das duas bolsistas que participa da seleção. Ela e sua colega Andréia “Maycon” Santos recebem o benefício do Bolsa Atleta no valor de R$ 2,5 mil mensais. Ambas jogam no Saad, de Águas de Lindóia (SP).

Das 18 atletas convocadas para a seleção brasileira oito atualmente jogam no exterior. “É preciso que os patrocinadores olhem com carinho o futebol feminino para que não tenhamos que sair de perto da nossa família para dar uma vida melhor para ela. A expectativa com esse Pan é grande”, diz Tânia Maria Ribeiro.

O público que assistiu a partida não foi dos maiores. Longe de lotar os 45 mil lugares da arquibancada do estádio, o público aplaudiu a seleção. Não houve confirmação do número exato de participantes, mas havia cerca de um quarto da lotação. “Acho que pra gente o número de pessoas que veio ai está excelente, até por que nunca tivemos tanto apoio assim do público”, pondera a atacante Grazielle Nascimento.

A realidade brasileira é muito diferente de países como os Estados Unidos, que tem o time bicampeão mundial. Lá o futebol feminino tem sua base formada no sistema educacional, seja público ou privado. Além da infra-estrutura mantida pelas universidades as estudantes que praticam o esporte recebem valores elevados de bolsas de estudos.

O sociólogo do esporte, Maurício Murad, explica que o futebol feminino é bem mais valorizado em países como os Estados Unidos, Japão e Suécia. “A explicação disso é que embora lá a mulher ainda não tenha o papel que deveria ter de igualdade com os homens, lá a distância social é bem menor e as mulheres tem um papel social melhor do que aqui”, afirma.


O MACHISMO E A FALTA DE VISIBILIDADE

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A falta de incentivo ao futebol feminino é um reflexo do machismo que predomina na sociedade brasileira, segundo o sociólogo do esporte, Maurício Murad. “Tem a ver com a sociedade brasileira que é machista, excludente e fortemente patriarcal. Então, em todos os setores as mulheres sofrem esse problema e no futebol não é diferente”, afirma.

A consolidação do futebol masculino no país é outro motivo que, segundo Murad, contribui para que não haja estímulo para a prática entre as mulheres. “Pelo fato do nosso futebol masculino ter dado muito certo é como se a sociedade machista tivesse se confirmado, então é preciso estimular o olhar feminino no futebol”.

Embora atualmente a seleção brasileira feminina seja vice-campeã olímpica e esteja disputando o bicampeonato nos Jogos Pan-Americanos falta incentivo e visibilidade. Mudar essa realidade não é tarefa fácil na avaliação do sociólogo. “É difícil porque é uma questão de mentalidade, isso implica em questões estruturais, de educação, mas sempre devemos somar esforços nesse sentido”.

Para a jogadora Andréia “Maycon” Santos as mulheres estão a caminho da conquista por mais espaço no futebol. “As mulheres aos poucos estão tomando um espacinho junto com os homens, então esperamos que abra a cabeça do pessoal aí e comece admirar melhor o futebol feminino”.

Embora a abertura oficial dos Jogos Pan-Americanos só aconteça amanhã (13) o futebol feminino abriu hoje o calendário de competições. A seleção brasileira enfrentou o time uruguaio e venceu por 4 a 0.


 

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