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O fim de uma era

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Antônio Carlos Magalhães, de 79 anos, faleceu na manhã desta sexta-feira, dia 20 de julho de 2007, no Instituto do Coração (incor), em São Paulo, onde estava internado. ACM mais que uma lenda, homem que foi ao mesmo tempo amado e odiado, eé um dos últimos caciques da arena política brasileira e esteeve em evidência nas últimas quatro décadas. Para os amigos, ele era o “Toninho Ternura”. Para os inimigos, o “Toninho Malvadeza”. Em comum, foi o homem que não se deixou passar em branco.

O baiano que nasceu em 4 de setembro de 1927, na ladeira da Independência, em Salvador, a cidade onde quarenta anos depois ele realizaria uma revolução urbana, sem desfigurar seu patrimônio, a herança colonial européia e a expressiva cultura africana, deixa um legado de ações e também de muitas críticas.

“Toninho, um apelido de casa, cresceu no bairro de Nazaré, com os pais, D. Helena Celestino de Magalhães e Dr. Francisco Peixoto de Magalhães, médico e poeta, de quem herdou a veia política e um amor especial pela cultura. Na verdade, o pai era muito mais literato do que médico. Foi professor catedrático da Faculdade de Medicina, mas homem muito ligado à cultura e também à política. Foi Deputado constituinte em 1954. Era famoso também pelos epigramas que fazia para os colegas Deputados e amigos”, diz o seu portal no Senado.

Na atualizadíssima encicoplédia virtual Wikipedia, já foram postados hoje a biografia e os principais feitos do político que foi a própria imagem fiel dos tempos dos coronéis. É esse o texto que a Wikipedia abriu para a consulta aos internautas e que, aqui, reproduzimos devido, sobretudo, à imparcilidade com que foi escrito, sem esconder os feitos e também os desmandos aos quais o nome de ACM esteve ligado nos últimos anos da vida brasileira:

“ACM foi um político baiano que esteve em evidência no cenário político do estado da Bahia nas últimas décadas. Membro da UDN foi eleito deputado estadual em 1954 e deputado federal em 1958 e 1962. Participou do regime militar, tendo sido um dos articuladores da Revolução de 1964. Em 1966 foi reeleito deputado federal, agora pela ARENA. Em 1967, foi nomeado prefeito de Salvador. Foi governador da Bahia três vezes, ministro das Telecomunicações no governo Sarney e é senador desde 1995. Tido como um político influente no Brasil, teve também seu nome envolvido em várias denúncias de ilegalidades, como a fraude no painel de votação do Senado e os grampos telefônicos ilegais na Bahia. Quando se vê envolvido em tais situações gosta de justificar que agiu em favor do povo baiano. É conhecido por “Toninho Malvadeza”, por conta de suas constantes ações repressoras contra a oposição durante o regime ditatorial.

Foi protagonista, em meados de abril de 2000, de uma série de trocas de ofensas com um colega de Senado, fazendo sérias acusações contra a pessoa do Presidente do Senado à época, o Senador Jader Barbalho do PMDB do Pará. Tal rixa culminou com a renúncia de ambos dos mandados de Senador, já que as recíprocas acusações foram devidamente comprovadas. No caso de ACM, foi justamente a denúncia de manipulação por este do painel eletrônico que contabiliza as votações do Senado Federal, o que lhe permitiu quebrar o sigilo dos votos dos demais Senadores, violando o Regimento Interno do Senado Federal, que assegura o voto secreto de seus membros em determinadas matérias.


Redução da influência política
Após as denúncias de quebra de decoro parlamentar no caso da violação do painel do senado, apoiou a vitoriosa companha de seu, até então, companheiro de partido Antônio Imbassahy, em 2000, para prefeito da capital baiana, e, em 2002, Paulo Souto para governador do estado, além de voltar ao senado. Porém em 2004, o candidato que recebeu seu apoio a candidatura para prefeito de Salvador, o ex-governador e senador César Borges, foi derrotado pela oposição, que elegeu João Henrique Carneiro como prefeito. No final de 2005 Antônio Imbassahy, de forma inesperada, desligou-se do PFL, filiando-se ao PSDB. Já em 2006, seu grupo político capitalizou, graças ao progresso do lulismo no Nordeste, mais dois prejuízos: a não reeleição do governador Paulo Souto, tendo sido eleito logo no primeiro turno o candidato Jaques Wagner (PT), e a não reeleição de Rodolfo Tourinho para o Senado, tendo ficado com a vaga o ex-governador da do estado João Durval Carneiro (PDT).

 

 

Falecimento
O senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) sofreu uma parada cardíaca na quinta-feira e, nesta sexta-feira, morreu, de acordo com anúncio de médicos do Incor, em São Paulo, onde ACM, 79, estava internado.

Antonio Carlos Peixoto de Magalhães foi um dos mais influentes nomes do cenário político brasileiro nas últimas quatro décadas, e manteve-se como força atuante em governos dos mais variados matizes ideológicos, desde o regime militar instituído em 1964 até a atual administração do petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Nascido em 4 de setembro de 1927 e médico por formação, ACM pode ter seu ingresso na vida política atribuído à atuação como líder estudantil, primeiro no ginásio e depois na Universidade Federal da Bahia, onde foi presidente do Diretório Central de Estudantes.

Filiado à UDN (União Democrática Nacional), foi eleito deputado estadual em 1954 e por três vezes deputado federal, em 1958, 1962 e 1966. Em 1967, já ligado à Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido de base do governo militar, assumiu a prefeitura de Salvador.

Em seguida, ACM exerceu o cargo de governador da Bahia em três oportunidades. Os dois primeiros mandatos, por indicação do regime militar, foram de 1971 a 1975 e de 1979 a 1983. O terceiro viria pela escolha popular, em eleições diretas, de 1991 a 1994.

Esteve ainda à frente da Eletrobras (Centrais Elétricas Brasileiras S.A), em 1975, nomeado pelo então presidente da República Ernesto Geisel, e do Ministério das Telecomunicações, durante o governo de José Sarney.

Em 1994, foi eleito para a primeira legislatura como senador pelo Estado da Bahia. Presidiu a Casa entre 1997 e 2001. Em 30 de junho de 2001, durante as investigações sobre sua conduta no episódio da quebra do sigilo do painel eletrônico do Senado, viu-se obrigado a renunciar ao mandato, em uma estratégia para manter os direitos políticos e retornar ao circuito nas eleições do ano seguinte.

O principal revés de ACM, no entanto, ocorreu em 21 de abril de 1998, com a morte de seu filho, o deputado federal Luís Eduardo de Magalhães, vítima de um infarto aos 43 anos.

ACM manteve-se ativo e teve seu campo de influência renovado com as eleições de 2002, quando foi eleito novamente ao Senado. Ele ainda contribuiu para a chegada do aliado Paulo Souto ao governo da Bahia, e de Antonio Carlos Magalhães Neto à Câmara Federal.

Em 2003, ACM esteve envolvido em novo escândalo. Dessa vez, foi acusado de utilizar a estrutura da Secretaria de Segurança Pública da Bahia para realizar escutas telefônicas ilegais contra seus desafetos políticos. Após a abertura de inquérito pela Polícia Federal e da denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República, o caso acabou arquivado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Nas eleições de 2006, foi duplamente derrotado. Nacionalmente, seu candidato Geraldo Alckmin não conseguiu impedir a reeleição de Lula; regionalmente, ACM viu o aliado Paulo Souto perder um novo período à frente do governo estadual baiano, ainda no primeiro turno, para o petista Jaques Wagner.

Com sua morte, aos 79 anos, ACM será substituído pelo filho, Antonio Carlos Magalhães Júnior, que assume a vaga como suplente durante o restante do mandato no Senado, até 2011.


Empreendimentos da Família
Seu filho, Antônio Carlos Magalhães Junior, é presidente da Rede Bahia, que engloba diversas empresas do estado, principalmente de comunicação. São elas:

88.7 Bahia FM
102,1 FM Sul (Rádio FM em Itabuna)
Correio da Bahia (Jornal)
Globo FM (Rádio FM em Salvador)
Gráfica Santa Helena
iContent (Produtora)
iBahia.com (Portal de Internet)
Construtora Santa Helena
TV Bahia (afiliada da Rede Globo em Salvador e região)
TV São Francisco (afiliada da Rede Globo em Juazeiro e região)
TV Oeste (afiliada da Rede Globo em Barreiras e região)
TV Santa Cruz (afiliada da Rede Globo em Itabuna e região)
TV Subaé (afiliada da Rede Globo em Feira de Santana e região)
TV Sudoeste (afiliada da Rede Globo em Vitória da Conquista e região)
TV Salvador (canal fechado, transmitido em UHF ou por assinatura)

Governos da Bahia
Exerceu ACM três mandatos como governador da Bahia.


Primeiro governo
Eleito por via indireta – em plena Ditadura Militar – pelos deputados estaduais, ACM representava a ARENA (partido do Regime) e vinha de uma administração da Prefeitura da Capital onde arregimentara poderes que o capacitaram a receber o apoio total do sistema.

Tomou posse a 15 de março de 1971, e o carlismo – então uma força restrita à capital – ganha todo o Estado. Já em seu discurso de posse, ACM não nega sua ambição:

 São palavras evangélicas: aquele a quem muito se entregou, muito mais se exigirá. Sei que recebo muito, diria mesmo que recebo tudo, e estou consciente de que os baianos poderão exigir de mim trabalho, seriedade no trabalho da administração, uma vida permanentemente voltada para o bem comum. 

Vivia o Brasil o auge do Milagre econômico. ACM soube aproveitar: a Bahia entrou em um processo acelerado de industrialização, com a instalação, em Camaçari, de indústrias no Pólo Petroquímico. Na Capital, Salvador, governada por um fiel aliado (Clériston Andrade), ACM realiza obras de grande impacto, abrindo as chamadas “avenidas de vale”, modernizando o tráfego da cidade e driblando sua topografia acidentada da parte velha. Também no turismo Salvador deu um importante salto: de 400 apartamentos em 1970, passou para 2400 ao fim de sua administração.

Ao largo das realizações da sua administração, crescia também a sua importância política no estado: faz o sucessor, Roberto Santos, além de manter sob sua égide o prefeito da capital. O carlismo consolida-se como a maior força política do Estado, e que cruzaria todo o final do século XX adentrando o XXI.


Segundo governo
Tomou posse a 15 de março de 1979, sucedendo a Roberto Santos – numa continuidade clara da primeira administração.

ACM, gozando de grande popularidade, mantinha sob sua égide a maioria ampla dos mais de trezentos prefeitos do Estado, e a quase totalidade das bancadas de deputados federais e estaduais – o que lhe credenciam a, pela primeira vez, intervir com voz ativa em assuntos federais, estando no poder o presidente General Figueiredo.

Em seu discurso de posse atesta esse domínio:

 Desde 1970, tive a honra de conduzir e liderar as insofismáveis vitórias da Arena em nosso Estado, de tal forma que nem o mais impenitente adversário pôde levantar dúvidas quanto ao merecimento e à lisura do nosso trabalho. E foram essas vitórias que situaram, tão bem, a Bahia no cenário nacional. 

Também o prefeito da capital é homem de sua confiança: Mário Kertész – que já lhe servira como secretário, no governo anterior.

Estende seu poder também ao Poder Judiciário, ao nomear seu Chefe da Casa Civil, o advogado Paulo Furtado, para o cargo de Desembargador – sem que este jamais houvesse exercido a magistratura: na Bahia. Este mandato também fora conquistado de forma indireta.


Terceiro governo
Com a renúncia do governador Waldir Pires em 14 de maio de 1989, ACM chama novamente a si a tarefa de disputar o cargo máximo do Estado. Pela primeira vez disputando um pleito direto, já dono de vasta rede de telecomunicações, tem como seu adversário o ex-afilhado Roberto Santos. A oposição é derrotada e ACM reconquista o poder ainda no primeiro turno.

O carlismo assenta-se, de forma quase definitiva, na Bahia, referendado desta vez pela legitimidade das eleições. Aprendida a lição, ACM não volta a perder mais o governo do Estado, nele colocando seus aliados, por sucessivos mandatos. Dirige-se então, cada vez mais, suas atenções para o Planalto, paulatinamente promovendo a imagem de seu filho Luís Eduardo Magalhães, que prepara para ser-lhe não um sucessor, mas um futuro presidente da República.”

 

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