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BLUEBUS RUMO ÀS ESTRELAS - Revista Publicittà BLUEBUS RUMO ÀS ESTRELAS - Revista Publicittà

BLUEBUS RUMO ÀS ESTRELAS

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Júlio Hungria, no dia em que Paris saiu às ruas para defender a liberdade de expressão, tinha lá de cima a missão de cobrir os bastidores. Não seria tarefa fácil, por isso Pedro, o chefe da redação, o convidou a pegar o ônibus azul rumo ao infinito.
Júlio Hungria nunca foi uma figura fácil. Era daqueles capazes de se fazer amar à primeira vista, mas tinha princípios dos quais não abria mão e por conta deles tornava-se um gigante; assustava.

O jornalista forjado na boa forja do Jornal do Brasil, pela qual só passavam aqueles que, minimamente, sabiam escrever – sorte do Júlio Hungria e modestamente minha-, pois o velho jornal sempre foi exemplo de jornalismo, ao contrário de jornalecos que hoje, como dantes, têm no gorjeio impertinente das aves de rapina o seu canto. E ele ingressou, como eu, nos quadros do JB – que orgulho!.

Foi no Jornal do Brasil que Júlio Hungria aprendeu a ser jornalista. Afinal, quem começa ou faz carreira no JB, sabe a diferença entre água e cachaça. Não vai no vale ribeirinho de alguns jornais paulistas beber na fonte da arrogante prepotência das elites, tornando-se mero agregado, fazendo eco ao que deseja controladores ou editores.

No JB, era preciso aprender a conversar com o povo, não menosprezá-lo; não transformar esse povo – e a que horas ele chega? – em massa de manobra de manutenção de poderes sórdidos. Se, em alguns jornais paulistas, aprende-se a conjugar o verbo no singular dos interesses; no JB aprendia-se o verbo no plural, por isso muito mais singular.

Júlio Hungria se criou nessa escola. E, inda que, para sobreviver, eu tenha emprestado meu nome e meu trabalho a jornais singulares da pauliceia, na sua própria incapacidade de serem plurais; Júlio Hungria, ao contrário, não fez concessões. E é essa a virtude maior que ele leva para o reino da Pasárgada cantado em versos e prosa por Manuel Bandeira.

Foi no Jornal do Brasil, onde se aprendia a escrever e, mais que tudo, a respeitar o outro, os outros, que Júlio Hungria fez carreira e que, ao deixar, tomou um ônibus azul para seguir em frente. Tornou-se referência num mercado movido à vaidade, mas manteve a verve crítica com sua fiel e doce escudeira Elisa. Não criou premiações ao ego, mas soube mais que aqueles que oferecem tais prêmios e estatuetas a estabelecer um diálogo com as bases da publicidade.

Foi inovador em tudo o que fez, inclusive na formatação do BlueBus, pois o aperto de mão e o abraço fácil nunca foram o seu forte; mas a comunicação sim; e, de preferência, jornalística (aquilo que aprendeu no JB) que requer um lado e o outro da mesma moeda, coisa que alguns jornais e revistas de grande imprensa desaprenderam há algum tempo; ou nunca souberam mesmo que isso é jornalismo e é assim que se faz jornalismo. E Júlio Hungria fez jornalismo.

Então sem abraço forte, sem aperto de mão e sem frescuras, me despeço do amigo, antes de tudo do jornalista, que não se deixou levar pelo brilho fácil da bajulação e que soube como ninguém construir uma estrada para o futuro.

Boa viagem, Júlio Hungria nesse seu lindo ônibus azul. Você abriu a estrada do futuro, um GPS inovador.

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