Acordo de patrocínio da Nike com Justin Gatlin, velocista envolvido em vários casos de doping, causa revolta entre atletas, inclusive os patrocinados pela própria marca como Paula Radcliffe.
POR MATEUS FERREIRA
A decisão ousada da Nike de patrocinar Justin Gatlin, campeão olímpico nos 100 metros rasos nas Olimpíadas Atenas 2004, pego no doping em duas ocasiões e banido do esporte por oito anos – pena que mais tarde foi reduzida para quatro – gerou polêmica e revolta nas redes sociais entre atletas da modalidade.
O velocista norte-americano teve seu primeiro caso comprovado de doping em 2001 por uso de anfetamina, anos antes de ser campeão olímpico em 2004 e de ser novamente pego nos testes por uso de testosterona, em 2006. O que causou seu banimento do esporte por 4 anos e a perda do patrocínio de materiais esportivos pela própria Nike.
Desde então, Justin era patrocinado pela marca chinesa de materiais esportivos Xtep, pouco conhecida no mercado e que viu na sua contratação a chance de se mostrar aos consumidores, inclusive por meio da polêmica que o atleta gerava na época. Até que Justin Gatlin passou a se destacar novamente nas competições, registrando recordes pessoais de 9.77 segundos nos 100 metros rasos e 19.68 nos 200m em 2014, o que despertou o interesse da Nike em assinar novo contrato com o atleta.
“Injustiça” e “decepção” foram algumas das palavras usadas por atletas como Paula Radcliffe, Kelly Sotherton e Jenny Meadows para demonstrar sua indignação com a marca nas redes sociais.
Paula Radcliffe, corredora britânica patrocinada pela Nike e detentora do atual recorde de tempo nas maratonas, publicou em sua conta no Twitter: “Estou muito desapontada em ouvir esta notícia. Eu não acredito que isso reflete os valores básicos da Nike, que sou orgulhosa de representar, nem a integridade e os ideias das pessoas que convivo diariamente”.
Boatos de que a empresa também fecharia contrato com Tyson Gay, tricampeão mundial como corredor, também pego no doping em 2013, foram negados pela Nike para o jornal britânico Telegraph Sport, que confirmou a assinatura do contrato com Gatlin informando que a gigante de materiais esportivos se recusou a dizer qual o intuito da marca com a negociação.
Para Nike, que sabe o exato valor da reputação e imagem de marca, a contratação de Justin Gatlin é arriscada, mas pode ser também a chance de mostrar um exemplo de superação por meio do esporte e do uso de seus produtos.