A Ogilvy & Mather London assina impactante campanha da organização não-governamental (ONG) 28 Too Many que combate a mutilação genital feminina (MGF). A intenção é a de alertar que esta prática, conhecida como circuncisão feminina, que implica na retirada de parte ou de todos os órgãos sexuais externos da mulher, que ocorre em 29 países africanos e do Oriente Médio, de forma ritualística, tem ocorrido também em países europeus. Em 2012, a Organização das Nações Unidas (ONU) incluiu a MGF entre as violações de Direitos Humanos no mundo, mas os pais das crianças do sexo menino continuam a aplicar o ritual, que entendem como de purificação, muitas vezes expondo a menina – a circuncisão é feita nos primeiros anos de vida – a graves e irreparáveis riscos.
A campanha assinada pela Ogilvy & Mather London expõe de forma nua e crua esse problema, alertando que pode estar ocorrendo na Europa e que 60 mil meninas no Reino Unido podem estar enfrentando este risco, de acordo com a diretora-executiva de 28 Too Many, Ann-Marie Wilson. Além da presença em redes sociais, no site da entidade, a campanha ganha também as ruas, com cartazes impactante para mobilizar mais pessoas contra a MGF.
Os cartazes mostram as bandeiras desses países costuradas, evidenciando a retirada dos grandes lábios vaginais, pois após a MGF, a menina passa a contar apenas com o espaço por onde passa a urina e por onde se dá a relação sexual com o único objetivo da procriação. As bandeiras manchadas de sangue e costuradas atraem a atenção. Os cartazes que denunciam a prática da MGF estão espalhados em universidades – onde existe a forte presença das mulheres na Inglaterra – e em grandes pontos de concentração, e em áreas onde provavelmente os rituais de MGF são praticados.
O temor da entidade está no risco de vida das mulheres submetidas à MGF e no desrespeito à escolha, que, nestes casos, é feita pelos pais e independe do consentimento da criança. A ONU também tem lutado, apoiando entidades como a 28 Too Many, para combater a prática que não tem fundamento em livros religiosos, embora seja aceita por grupos muçulmanos como um ato de higiene – a retirada dos grandes lábios vaginais – e de estética. Muitas mães temem que suas filhas não sejam socialmente aceitas em suas comunidades se o ritual não for praticado. É similar e com os mesmos objetivos de higiene à circuncisão masculina, prática, também religiosa, da comunidade judaica.