Tatiana sempre foi perdidamente apaixonada pelo pai. E só conseguiu falar abertamente sobre isto muito tempo depois da morte dele, num voo de Porto Alegre para o Rio. Foi um desabafo com um estranho de destino semelhante: Cláudio. Sentado ao seu lado, ele controlava-se para não chorar. Quando Tatiana lhe perguntou se estava precisando de alguma coisa ele desmoronou. E as confissões mútuas foram uma erupção vulcânica em voz baixa e a milhares de metros do chão. Ele estava vindo do enterro da mãe, seu único e verdadeiro amor. Tatiana e Cláudio casaram-se um ano depois. Nunca foram exatamente apaixonados um pelo outro. O que os uniu foi o claro entendimento sobre a única maneira de amar de que foram capazes, uma afeição impregnada antes de tudo de empatia.
Não critiquem pessoas que se encantam por alguém muito mais novo. No caso de Pedro Paulo, que se sente apaixonado, revigorado e protegido por Maria Eduarda, vinte e cinco anos mais jovem que ele, trata-se de uma ligação que transcende o plano imediato das relações humanas. Segundo Pai César de Oxóssi, médium muito amigo do casal e que fará o casamento dos dois, a moça é a reencarnação de Jonas, filho de Pedro Paulo que faleceu poucas horas depois de nascer. Em Maria Eduarda, Jonas está tendo uma nova chance. E, pelo visto, Pedro Paulo também.