O médico cirurgião do aparelho digestivo, o fotógrafo Fabio Atui, muda seu olhar uma vez por ano para enxergar mais e mais longe. Voluntário dos Expedicionários da Saúde, ONG que reúne expedições para levar medicina especializada, especialmente atendimento cirúrgico aos povos indígenas da Amazônia, Atuí resolveu registrar a certeza que começou a ter. “Vamos para a Amazônia achando que vamos mudar a vida do povo indígena, mas acabamos transformando a nossa ao encontrar a delicada poesia nos olhares e nos lugares e nas situações mais simples”.
A mostra fotográfica é resultado de três expedições realizadas por Atuí em 2006 e 2007, em visita à comunidade indígena no Alto Rio Negro, fronteira com Colômbia e Venezuela, e são fruto do que ele denomina como parceria estabelecida numa relação de confiança entre o fotógrafo e os índios.
A exposição com curadoria da fotógrafa Heloisa Bortz é composta de 40 imagens coloridas e p&b, escolhidas entre mais duas mil fotos. Os olhares tímidos e curiosos, a dança típica, a pintura no corpo, os pés descalços, são imagens de uma cultura que se diluí. “Pusemos camisetas em seus corpos, mas não assimilamos a riqueza da poética alma indígena. Atui sutilmente reforça esse paradoxo, levando seu conhecimento científico e trazendo os olhares profundos dos donos primevos destas terras que viriam a se chamar Brasil”, explica Heloísa.