É sempre assim: é só relaxarmos, que aquele nome impossível de lembrar inesperadamente volta à memória. Então é isso? A vida é melhor quando não nos esforçamos em “vivê-la”? Por isso agirei “distraidamente” quando estiver perto de você. Como se nada existisse, nem eu, nem você, nem minha carência, nem teus lábios que só eu e mais ninguém em todo planeta saberia beijar. Talvez assim você acabe me notando.
Elogio ao sotaque carioca. Se um idioma é um universo, o sotaque carioca é o bocado de céu que recheia minha janela. Se a língua portuguesa é um mundo, o sotaque carioca é o pedacinho da minha cama onde me aconchego. Se minha fala é uma casa, meu sotaque carioca é o espelho onde me vejo. Ah, o sotaque carioca… Este chiado, o mesmo “shhh” que cala nosso amor para ganhar um beijo. O mesmo chiado que tira as arestas do S no final de “arestas”, que suaviza os encontros labiodentais e transforma a frase mais rascante num relaxante vinho do Porto. Depois que meu amor carioca sussurra “Escuta!” no meu ouvido, ele não precisa dizer mais nada.