É no velho mercadinho ou na mercearia que as classes C e E fazem a maior parte de suas compras. Vender fiado é a razão para a preferência. Segundo pesquisa da LatinPanel, 54% dos gastos com alimentação, bebidas e artigos de higiene e limpeza feitos por essa categoria são realizados fora dos grandes supermercados.
Quanto menor é a renda maior é o gasto em locais alternativos, como minimercados, por conta do crédito informal, diz Fátima Merlin, da LatinPanel, acrescentando que esses consumidores costumam ir 15 vezes ao mês aos pontos de venda, gastando, em média, R$ 7,82.
A classe C prefere o supermercado. É lá que 65% dos gastos são feitos. A baixa renda, geralmente, vai ao supermercado no fim de semana. Segundo Fátima Merlin, da LatinPanel, é uma forma de unir a necessidade de fazer compras ao lazer.
Em pesquisas, esse consumidores dizem que não podem faltar espaços infantis. Fazer compras aos sábados e domingos é como uma ida ao shopping, afirma a gerente.
Para manter esse consumidor, o Wal-Mart, por exemplo, tem uma estratégia. Nada de deixar os corredores muito apertados nem filas grandes nos caixas. É preciso se sentir em casa. Uma loja colorida e alegre, segundo a rede, transmite bom astral e pode impactar na escolha do local.
Carrinho mais cheio
O carrinho de compras da baixa renda está mais cheio. Nos últimos cinco anos, as classes C (renda de quatro a dez salários), D e E (até quatro mínimos) se destacaram no consumo, com a aquisição de alimentos que antes não faziam parte da mesa desses brasileiros. Foi a vez dos iogurtes, biscoitos, extratos de tomate, sucos em pó e leites de caixinha. Nesse período, a cesta dessas classes cresceu 18% e 29%, respectivamente.
Nos últimos anos, as classes populares foram as que mais cresceram no consumo, por causa da maior oferta de crédito e de programas de distribuição de renda, como a Bolsa Família.
A baixa renda não só aumentou o consumo como sofisticou a sua cesta de compras, explica Fátima Merlin, gerente de atendimento ao varejo da LatinPanel, braço do IBOPE que atua na área de consumo.
Casa ainda é o grande sonho
Se a renda melhorasse, a baixa renda tem na ponta da língua os seus planos. Fazer reformas (29%) o famoso puxadinho e compras em geral (23%) são os sonhos das classes D e E. O pagamento de dívidas e aplicação na poupança ficaram para depois.
Quando perguntamos o que essas pessoas comprariam, 64% disseram imóveis para realizar o sonho da casa própria. Há outras respostas, como eletroeletrônicos, móveis, automóveis e vestuário, mas o que chama a atenção é que 29% afirmaram que comprariam comida. Ainda há necessidade básica para ser atendida. É uma oportunidade para o varejo, explica Fátima Merlin, da LatinPanel, que analisa o comportamento do consumidor.
Planos Parecidos
Quando a classe C é ouvida, os sonhos são os mesmos, só mudam os índices: 26% gostariam de reformar a casa e outros 26% de comprar bens. Segundo a empresa, 12% dos gastos dessa categoria são para pagamentos de serviços e de tarifas públicas.