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A Cidade Iluminada de Newton Mesquita

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“É certo que nem sempre ele [o artista]pode mudar tudo. Mas seria isto realmente necessário para a criação de uma obra de arte?
É o que parece querer dizer Newton Mesquita neste momento ao oferecer-nos sem alarde, com rigor e coerência, um gesto claro de amor à Pintura”.

Paulinho da Viola

 
Newton Mesquita é um craque da imagem. Urbana, colorida, com e sem personagens, mas com essa imensa característica que é a de retratar São Paulo. Ele é também um artista que se dá diversas ocupações e atividades nesses 35 anos de carreira: pintor, escultor, desenhista, fotógrafo, artista gráfico, ilustrador, arquiteto e professor. Agora Newton Mesquita traz 15 obras recentes, tinta acrílica sobre tela, para o Espaço Cultural Citi (Av. Paulista, 1111, térreo, fone 11. 4009.3257). Com curadoria de Jacob Klintowitz, a exposição A Cidade Iluminada de Newton Mesquita abre em 5 de novembro, permanecendo até 27 de dezembro.

A exposição dos trabalhos de Newton Mesquita confirma a vocação do Espaço Cultural Citi de exibir obras de arte no centro vital de São Paulo. O corredor que, atravessando o prédio do Citi, liga a Avenida Paulista à Alameda Santos, em meio a um dos mais tradicionais ícones da cidade de São Paulo, é visitado mensalmente por cerca de 50 mil pessoas. Entre as últimas exposições realizadas no Espaço Cultural Citi estão as de Ivald Granato, Luiz Paulo Baravelli, Gregório Gruber, Shoko Suzuki, Romero Britto, Rubens Gerchman e Cláudio Tozzi.

Newton Ferreira Mesquita (São Paulo, SP, 1949). Pintor, escultor, desenhista, fotógrafo, gravador, artista gráfico, ilustrador, cenógrafo, professor e arquiteto. Desde 1972, participa de salões oficiais e mostras no Brasil e no exterior: Nova York, Barcelona, Buenos Aires, Hong Kong, Tóquio, Tel Aviv, Montevidéu, entre outras. A partir de 1977, seu trabalho esteve em dezenas de exposições individuais em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Curitiba, Salvador e muitas outras cidades do país. Empresas como Varig, Unibanco, IBM, Bolsa de Valores de São Paulo, Caixa Econômica Federal, Pirelli, entre outras, possuem seus trabalhos. Possui trabalhos em importantes coleções particulares no Brasil e no exterior, além dos museus MAB de SP, MAM de SP, MASP, Pinacoteca de São Paulo e Galeria Degli Uffizzi de Florença.

O Espaço Cultural Citi fica aberto para visitação de segunda a sexta-feira, das 9 às 19 horas; aos sábados, domingos e feriados, das 10 às 17 horas. Acesso a portadores de deficiência física pela Alameda Santos, 1146. A entrada é gratuita.

 

Na clara tarde um banco na praça, por Jacob Klintowitz

Os tons dourados envolviam a cidade como um manto. Cobre abandonado ao relento. Uma face desconhecida do nosso sol. Tudo estava imóvel e o nosso horizonte era unicamente o  que os nossos olhos abarcavam, esta onírica cidade feita de ouros. Esperávamos por ela há tanto tempo, por esta cidade tão real a ponto de ser sonhada.

Alguns de nós, talvez, ainda estejamos imersos na cidade vermelha, na cidade amarela, no trecho azulado de uma rua, nas imagens simples da pequena vida, uma banca de jornal, um comerciante que fecha a loja, um homem que olha as revistas, um banco de praça. Ou no interior de uma casa onde alguém terá organizado uma mesa de canto e um vaso de flores. Luzes douradas, azuis, vermelhas, cálidas flores no vaso, o entardecer do lojista. Vestígios.

Há vários anos eu fui Curador de uma grande mostra sobre o tema da reciclagem, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro. O trabalho mais despojado era do artista Newton Mesquita: um tradicional banco de praça de madeira e algumas garrafas vazias ao seu pé. Por lá teriam passados pessoas, muitas teriam bebido e sentido os rompimentos, as perdas, o que poderia ter sido e não foi. Se juntas, teriam conversado e, quem sabe? uma delas teria dito, “…eu não sou isto, já tive uma situação…”. Não sabemos, mas sentíamos que por ali passaram homens com uma história na alma.

Esta brilhante exposição do pintor Newton Mesquita me evoca uma cena imaginária e que, para mim, o identifica. Há uma praça e nesta praça um banco tradicional de madeira. E neste banco está sentado um homem alto e magro, os braços sobre o encosto. Ele está quieto e olha. A cada momento o sol desenha uma cidade diferente e as pessoas percorrem o seu circuito. Lá está este homem magro e quieto, e o seu desenho também é cambiante conforme as horas do dia. Ele somente olha. É a testemunha.

A pintura de Newton Mesquita é de uma objetividade notável. Ela é substantiva, qualidade que encontramos em toda pintura de alta linhagem. O artista cria uma realidade e ela se apresenta diante de nós, já desligada e independente da origem. É um ser espiritual e podemos dialogar com ela.

Certamente verificamos constantes temáticas, um método de ver e fazer, uma certa atmosfera, alguns sentimentos recorrentes. E desta maneira sabemos que estes trabalhos foram feitos por um artista chamado Newton Mesquita. Em que outra pintura encontraríamos, juntos, este marcado sentimento de solidão e esta doce solidariedade ?

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