A crise global dos mercados fez mais uma vítima. Durante 150 anos, a alemã Märklín foi sinônimo de brinquedos, especialmente trenzinhos que encantou gerações. A empresa fudanda em 1859, an cidade de Goppingen, a 50 quilômetros de Stugart, sobreviveu a duas grandes guerras mundiais, acompanhou o desenvolvimento tecnológico e encantou gerações. Só que a crise, agora, bateu mais forte e aguda, no chão da fábrica e neste início de 2009, quando comemoria o seu sesquicentenário, cerrou as portas. Pediu falência.
O mercado de brinquedos parece a ponta mais frágil da economia nesse período de turbulência, um descarrilamento que tem a ver também com as novas tecnologia, a força do entretenimento virtual e digital. A velha fábrica alemã de sonhos até tentou, passou a produzir trens conduzidos por equipamentos tecnológicos e trechos com sinalização e comandos digitais. Mas, é claro, não teria como abrir mão daqueles vagões e locomotivas cuidadosamente talhados no metal e pintados artesanalmente, que foram sonho de consumo de nobres na Europa e, por isso mesmo, objetos de desejo de muitos ao alcance de poucos. É isso o que fez com que a marca tivesse valor bem maior que as dívidas que, agora, a soterraram na falência.
A gigante mundial de brinquedos, a Mattel, também comemora de forma tristonha os 50 anos de um ícone, a Barbie. A empresa tem criado filmes, games, moda – infantil e adulta – e chegou até a lançar, com a Apple, iPod e iPhone da boneca, mas tudo isso parece insuficiente nos dias que correm.
As vendas da boneca caíram 20% no quarto trimeste do ano passado ante o mesmo período de 2007 e o lucro líquido da líder mundial ficou em US$ 379 milhões em 2008 ante US$ 600 milhões no ano no ano anterior.
Nem por isso, Barbie deixará de ganhar uma festinha. Para comemorar a data, em 9 de março, a Mattel fez acordo com estilistas como Jeremy Scott e Vera Wang para lançar roupas para mulheres durante a semana da moda de Nova York, que serão vendidas por até US$ 15 mil.
No Brasil, a Estrela, outrora sinônimo de brinquedo, também amarga péssimos resultados, especialmente porque um de seus produtos de maior sucesso, os autoramas, hoje parecem peças do museu do brinquedo. Explica-se: a morte de Ayrton Senna e o avanço da tecnologia, por meio de simuladores de corrida em computadores, acabou por relegar o brinquedo ao pátio das recordações. Mas, da mesma forma que a Mattel fará festa para a Barbie, a Estrela prepara a de Suzy, a concorrente brasileríssima que também está a um ano de completar 50 anos.
São esses ativos e o valor afetivo e de mercado que possuem que impedem essas empresas de desaparecer completamente do mapa. Quem sabe até aparecerá comprador para a marca Märklín? O ideário da Interbrand, empresa do grupo inglês WPP e uma das maiores consultoras de marcas do mundo, diz que esses ícones são como a propaganda de Mastercard: não têm preço. Ou melhor, são ativos bilionários, fruto da propaganda e da publicidade, muitas vezes do boca a boca. É esperar para ver se os antigos trenzinhos entram novamente nos trilhos.