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ARTE E PROPAGANDA DE PAOLO DE CUARTO EM SÃO PAULO - Revista Publicittà ARTE E PROPAGANDA DE PAOLO DE CUARTO EM SÃO PAULO - Revista Publicittà

ARTE E PROPAGANDA DE PAOLO DE CUARTO EM SÃO PAULO

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Paolo de Cuarto restaura antigas propagandas deterioradas pelo tempo e geograficamente perdidas. A mostra “Tracce” traz grandes formatos e fica até 18 de março no Instituto Europeu de Design.

Representante da Pop Art contemporânea da Itália, o artista Paolo de Cuarto traz doze de suas obras de grandes formatos pela primeira vez ao Brasil. Batizada de Tracce, a exposição conta com obras trabalhadas em técnica especialmente desenvolvida pelo artista e conceito amarrado a anúncios vintage, desbotados pelo tempo e escondidos em diversos cantos do mundo.

A obra de De Cuarto bebe na fonte dos Ghost Signs, típicos remanescentes de pinturas publicitárias, então feitas à mão, em paredes de edifícios de alvenaria. Encontrados em cidades e vilarejos em diversos países, de muitos deles apenas pequenos trechos sobreviveram à ação do tempo. É exatamente a partir desses muros que o artista começa o trabalho de recuperação, uma espécie de “restauro” das imagens. De Cuarto as descontextualiza de seus fins comerciais e as resgata à vida vestindo-as de um novo valor.

Diretamente de Milão virão nove de suas obras e outras cinco serão produzidas pelo artista em São Paulo, ao vivo para estudantes e interessados em suas técnicas e conceitos. Como referência para as criações locais, o artista se inspirará em rastros que encontrou dos prestigiosos terraços dos Edifícios Martini. Ponto de encontro para expoentes intelectuais europeus de todos os tipos, estes terraços ficavam todos na Europa, exceto um na América do Sul, na cidade de São Paulo.

No dia 12 de março, antes da abertura da exposição, o artista estará presente também na mesa redonda “Processo de investigação e beira da criatividade” ao lado do chef Alberto Landgraf (Epice), Victor Megido (Diretor do IED), do arquiteto Marko Brajovic e do designer Alessandro Vassallo. A ideia é promover discussão e comparação de processos transdisciplinares como protagonistas do resultado criativo.

A vinda de Paolo de Cuarto ao Brasil é uma promoção da Associação Vivi San Paolo, do Instituto Europeu de Design (IED) e da comunidade IDBIB (Italians Doing Business in Brazil), com o apoio cultural do Senador Italiano Fausto Longo.

Sobre o artista

Paolo De Cuarto nasceu no extremo sul do sul da Itália: Catanzaro em mudou-se para Milão. Neste momento, a imagem da publicidade da Cinzano aparece como uma montanha no horizonte de Paolo De Cuarto que, graças à colaboração com seu famoso tio Mimmo Rotella, frequenta assiduamente os ambientes artísticos; é assim que decide homenagear toda a beleza rapidamente consumada e descartada pela modernidade.

Utilizando-se de imagens adormecidas na memória coletiva, integra o passado ao presente tornando-as “Pop”. De 2002 aos dias atuais as obras de Paolo De Cuarto são reconhecidas em toda a Itália e em todo o mundo, aterrissando, em 2014, até mesmo na China. Em fevereiro de 2015, a mostra Silver Factory em Montecarlo, reuniu obras de três artistas da Pop Art e colocou Paolo de Cuarto ao lado de Mimmo Rotella e Andy Warhol.

TEXTO CURATORIAL

Paolo de Cuarto: a técnica que foge às técnicas (Por Emma Pirozzi)

Paolo De Cuarto já foi definido de muitas formas, com palavras difíceis e tecnicistas, por críticos de arte e especialistas do setor; como de fato ocorre – inegavelmente – toda vez que nos deparamos com um artista que cria qualquer coisa verdadeiramente original.

Pessoalmente, aos tecnicismos, que reduzem a maneira de um artista se expressar a rótulos limitados, prefiro a linguagem da poesia e das narrativas, que criam uma ligação entre diversas formas de arte e permitem a todas as pessoas apreciarem não apenas o que veem, mas também compreenderem aquilo que as obras gostariam de narrar, explicar e até mesmo gritar.

A fonte de inspiração primária da técnica pictórica de De Cuarto é, sem sombra de dúvidas, os Ghost Signs. Além dos anúncios da Cinzano, havia muitas outras propagandas pintadas nos muros da Itália, que sobre viveram muitas vezes apenas em pequenos trechos resistentes à ação implacável do tempo; e depois vieram os slogans, remanescentes de uma história que havia marcado profundamente a Itália e aqueles que ali viviam, como avisos nos muros, fantasmas que provocavam e ainda provocam medo. A pesquisa dos Ghost Signs encontra o seu maior correspondente em Nova York e em tantas outras cidades americanas, onde as grandes pinturas murais anunciavam produtos comerciais próximos aos lugares de maior fluxo e densidade demográfica.

É exatamente a partir desses muros que o pintor calabrês começa o seu trabalho de recuperação, o seu “restauro” das imagens, descontextualizando-as de seus fins comerciais, agora substituídos pelos novos produtos e novas formas de publicidade, vestindo-as com um novo valor poético e didático.

Existe uma beleza melancólica e poética nos anúncios comunicados à vida, uma beleza quase pungente, suspensa entre o sorriso e o pranto; mas também há uma profunda lição: no fundo, nada do que foi criado é jogado fora sem uma tentativa de revitalização. Podemos afirmar que a técnica de De Cuarto se afasta da simples descontextualização teorizada por Duchamp e provém de um verdadeiro trabalho de resgate, uma respiração boca a boca aplicada a um pedaço de vida agonizante na manta implacável do tempo.

Portanto, embora inspiradas pela imagem “pop”, ideologicamente as obras de De Cuarto não podem ser colocadas propriamente na Pop Art e no Nouveau Réalisme; tais obras são extraordinariamente inovadoras, profundamente poéticas, não são realizadas para “vender” e gerar lucro, nem celebram o mundo consumista que a tudo canibaliza; pelo contrário, tingem com eficaz poesia o conceito de recuperação.

A arte de De Cuarto não pode nem menos ser assimilada como Décollage, ou seja, a sobreposição de peças remanescentes e depois misturadas em uma nova forma de vida. Embora possa ser tentador associar a sua obra a este tipo de expressão artística, na realidade, tal arte está mais próxima de uma busca arqueológica por artefatos visando a devolvê-los ao mundo, em sua forma original, e não como beleza pomposa.

Preencher a tela, fazer reviver a imagem de um tempo, reconciliá-la como tempo, com seus arranhões e oxidação: é civilidade. Porque nenhuma espécie inteligente, sobretudo a nossa, agora avessa à especiação, no sentido literal do termo, pode civilizadamente sobreviver a si mesma sem olhar o passado para construir um novo futuro. Sobre as obras de De Cuarto, ousamos dizer que não podem ser definidas, mas sim ouvidas, com um ímpeto de romantismo que nos salva da desatenção da pressa.

 

Serviço

TRACCE – PAOLO DE CUARTO

Local: IED São Paulo – Rua Maranhão, 617, Higienópolis

 

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