Notice: A função add_theme_support( 'html5' ) foi chamada incorretamente. Você precisa passar um array de tipos. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 3.6.1.) in /home/u753479000/domains/revistapublicitta.com.br/public_html/wp-includes/functions.php on line 5865
Elza Soares emociona no Pan Rio 2007 - Revista Publicittà Elza Soares emociona no Pan Rio 2007 - Revista Publicittà

Elza Soares emociona no Pan Rio 2007

0

Foto Washingfton Alves/COB
Texto: Carlos Franco

A cantora Elza Soares emocionou o público que lotou o estádio do Maracanã para a festa de abertura dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007. A melhor voz brasileira de blues e jazz, também de samba (as três de raízes negras como a negra Elza), cantou o Hino Nacional com energia, o tema escolhido para a festa de abertura. E arrancou lágrimas no estádio.

Os atletas entraram exibindo a mesma alegria e energia de Elza, que foi acompanhada pela Orquestra Sinfônica Brasileira do Rio de Janeiro, sob a regência do maestro Roberto Minczuk, e também pelo público, desejoso de participar de tudo.

O sorriso de competidores de 42 países estava estampando no rosto e nos olhos, um registro perfeito daquele momento de festa que antecede a partida e em que todos são felizes, com esperanças de subir ao pódio antes das disputas reais em que podem ganhar medalhas ou serem relegados a uma longa espera – para alguns sonho distante – por uma nova chance, uma próxima competição e, nesta, seja um Pan ou uma Olímpiada, subir finalmente ao pódio.

O público nesse espetáculo montado no Maracanã foi uma show à parte, desde a entrada ao estádio, ainda pela manhã e até às 18 horas da sexta-feira, dia 13 de julho de 2007, quando teve início a festa. Muitos chegaram de branco, para pedir paz, outros vestiram a fantasia, outros ainda as camisas dos times do coração e alguns as bandeiras brasileiras.

Mas, se Elza Soares, o público e os atletas exibiram energia, a festa, em si, desenhada por Rosa Magalhães, foi decepcionante: faltou justamente energia e emoção. A carnavalesca da escola de samba Imperatriz Leopoldinense é um caso raro, daquelas que faz tudo tão correto, que termina tudo asséptico e inodoro, como frutas belíssimas e sem sabor.

Os desfiles da Imperatriz Leopoldinense são o melhor retrato dessa carnavalesca: corretíssimos nos figurinos, nas alegorias, no andar das alas, na comissão de frente, no desenvolvimento do enredo, mas tudo, tudo mesmo, sem nenhuma emoção, sem o tempero brasileiro que nos difere e sem a alegria esfuziante de um carnaval. Ainda que uma das grandes damas do teatro brasileiro, a atriz Natália Timberg, fizesse um convite para a reflexão das imagens que tomariam conta do Maracanã, a beleza asséptica que se seguiu tirou até o ritmo caseiro, doméstico, gostoso de Adriana Calcanhoto e de Chico César, este último clamando pela paz em música que teve como complemento coreografia de Deborah Colker.

O Rio de Janeiro, o Brasil, suas manifestações culturais são muito mais energéticos, emocionantes do que o espetáculo, frio, embora correto, que Rosa Magalhães armou no imenso palco do Maracanã. O Brasil, já cantava Elis Regina, não conhece o Brasil. Talvez porque, quando tem a oportunidade de ser ver, o espelho no qual é representado o trai, fica sem a sua densidade poética e sem o rosto da brasilidade. Faltou no palco do Maracanã bumbas-meu-boi de verdade, não aquele estilizado pelas formas corretíssimas, de figurinos perfeitos, da acadêmica carnavalesca. Assim, como de resto todas as manifestações populares, que por um momento ali se reproduziram, absolutamente sem emoção e sem graça.

NO mar que se abriu também faltou a alegria, a esperança da fé brasileira que corre nas veias e nas águas, seja do mar ou dos rios. Ficou tudo muito gelado, nem a praia transmitiu sensação de calor. O mar que a Portela sabe como ninguém abrir na avenida, ou os rios pelos quais o Salgueiro navega com seu Ita, para ficar no terreno de Rosa Magalhães – o das escolas de samba -, são mais caudalosos de alegria, podem atravessar o mar, da Ilha do Governador, até a passarela, com energia. OU descer da Serrinha, com a coroa do Império Serrano. Ou mesmo pegar carona nas barcas para promover um Viradouro na avenida. 

A Imperatriz Leopoldinense de Rosa Magalhães não é uma alegre Mangueira, na sombra da qual temos vontade de ficar e sermos realmente brasileiros. Nem uma Beija-Flor que nos seduz, uma Estácio que é berço do samba, embora nessa escola Rosa Magalhães tenha feito um carnaval memorável espalhando sapoti pela avenida. A carnavalesca perdeu isso depois, ficou presa milimetricamente à fórmulas perfeitas. Mas quem perdeu, nesta noite de sexta-feira, dia 13 de julho de 2007, foi o Pan, o Rio e o Brasil, que poderiam proporcionar aos olhares de todos uma confraternização, uma festa, uma alegria bem mais brasileira, com muito mais emoção, como o vozeirão de Elza Soares. Realmente uma pena.

Mas vamos aos jogos. Afinal, são eles o que importam e nossos atletas sabem emocionar o brasileiro e não escondem debaixo de saias milimetricamente rodadas a emoção, para não comprometer a coreografia dos passos ou o desconforto de uma ou outra fantasia ou alegoria. A alegria do brasileiro é maior, e ainda bem, que o carnaval acadêmico de Rosa Magalhães.

Share.

About Author

Comments are closed.