De Ivald Granato disse o renomado crítico Frederico de Morais, é um vanguardista ´full-time, que não isola os fatos da arte dos fatos vitais, aumentando continuamente as velocidades do viver e do fazer arte. 42 anos se passaram desde a primeira exposição de Granato, em sua cidade natal, Campos, no Rio de Janeiro. Pintor, gravador, desenhista e artista multimídia, ele traz agora 50 trabalhos, entre pinturas e desenhos, para o Espaço Cultural Citi (Av. Paulista, 1111, térreo, fone 11. 4009.3257). Com curadoria de Jacob Klintowitz, a exposição O Gesto e a Arte tem ainda 10 cerâmicas de Laís Granato, pintadas por Ivald. A mostra abre em 13 de agosto, permanecendo até 5 de outubro.
A exposição dos trabalhos de Ivald Granato confirma a vocação do Espaço Cultural Citi de exibir obras de arte no centro vital de São Paulo. O corredor que, atravessando o prédio do Citi, liga a Avenida Paulista à Alameda Santos, em meio a um dos mais tradicionais ícones da cidade de São Paulo, é visitado mensalmente por cerca de 50 mil pessoas. Entre as últimas exposições realizadas no Espaço Cultural Citi estão as de Luiz Paulo Baravelli, Gregório Gruber, Shoko Suzuki, Romero Britto e de Rubens Gerchman e Cláudio Tozzi.
O Espaço Cultural Citi fica aberto para visitação de segunda a sexta-feira, das 9 às 19 horas; aos sábados, domingos e feriados, das 10 às 17 horas. Acesso a portadores de deficiência física pela Alameda Santos, 1146. A entrada é gratuita.
Ivald Granato: O gesto e a arte, por Jacob Klintowitz
Muitas vezes, quando olhamos as pinturas de Ivald Granato temos a impressão de que elas foram feitas rapidamente. Algumas não podem ter demorado mais do que um dia para serem realizadas. E isto é a mais pura verdade. Elas foram feitas em exatamente 40 anos e um dia.
Nos últimos 40 anos a presença artística de Ivald Granato é uma constante poderosa na arte brasileira. Neste período ele fez praticamente tudo o que um artista plástico pode fazer nos séculos vinte e vinte e um: pintura, desenho, escultura, objeto, cerâmica, instalação, performance, arte postal, obra em progresso, livro de artista, intervenção urbana, jornalismo alternativo. É uma atividade incessante e de tal maneira participativa que se pode entender a história da nossa arte simplesmente observando o percurso do trabalho de Granato. E o contrário também é real, é muito difícil entender os últimos 40 anos da arte brasileira se nós esquecermos o que Ivald Granato produziu.
Como artista Ivald Granato é dotado de uma rara peculiaridade, ele organiza o movimento, o gesto e a energia, e o seu processo de criação é similar ao resultado da pintura, é um método particular feito de movimento enérgico e mergulho visceral na construção da figura. Observem como nas suas figuras – o cerne de sua obra – há um movimento incessante, como se o pincel tivesse frenética vida própria. E como a figura é construída sem a necessidade de um traço de desenho, sem o contorno, pois ela é determinada pelas relações dos volumes pictóricos internos.
Ivald Granato é um artista gestual. Ivald Granato é um artista que se joga inteiro no ato da criação. O gesto criador para Ivald Granato é também um movimento corporal, uma dança particular e única. E, paradoxalmente, Ivald Granato, um dos maiores exemplos da vanguarda brasileira, é um clássico, já que essa maneira de construir a figura através das relações dos volumes internos, tem o seu exemplo máximo na obra emblemática de Paul Cézanne.
Esta exposição é muito significativa, pois apresenta vários núcleos, momentos expressivos, da obra pictórica de Ivald Granato, o que possibilita ao público ter uma ampla noção do seu percurso e a gama variada de interesses de um dos nossos mais destacados artistas contemporâneos.
Ivald Granato
É fluminense, nascido em Campos, Rio de Janeiro, em 1949. Até 1966 viveu em sua cidade natal, onde começou a desenhar desde muito cedo, sob influência dos pintores cubistas. Nesse ano inicia seus estudos com Robert Newman e, no ano seguinte, ingressa na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Artista polêmico e provocador, utilizou, além da pintura, a performance como meio de expressão. “O Urubu Eletrônico” (Teatro Municipal de São Paulo, 1976), “Ciccilo Matarazzo em Mitos Vadios” (Rua Augusta, SP, 1978), “Bandait” (Centro Cultural São Paulo, 1982), “Painting Performance” (Munique, 1984), “Pasta Man” (Basiléia, Suíça) e “Painter and Model” (Escola Panamericana de Arte, 1991) foram algumas das inúmeras performances.
Recebeu vários prêmios, entre eles o de Melhor Ilustrador do Ano, da Editora Abril, e o Prêmio Aquisição na 1ª Trienal de Osaka, Japão, ambos em 1990, e o Prêmio Jabuti, de Melhor Capa de Livro – “Processo de Criação” – Darlene Dalto – 1993.
Seus trabalhos estão nos maiores museus, empresas e coleções particulares do Brasil e do mundo, como Masp, MAM SP, MAM Rio, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Coleção Gilberto Chateubriand, Coleção Princesa Gloria von Thurn und Taxis – Alemanha, Coleção Luis Oswaldo Pastore, Kimmy Esteve, Museu Ludwig, Osaka Foundation of Cultura – Japão, Banco América do Sul, Fundação Itaú, Banco Real, Chase Manhattan Bank.
Granato realizou numerosas exposições individuais e coletivas no Brasil, Estados Unidos, Japão, América Central e América do Sul, das quais podemos destacar as seguintes: Bienal Internacional de São Paulo, em 1979, 81, 85, 89 e 91; 1ª Bienal de Havana, Cuba, 84; 4ª Bienal Ibero-Americana de Arte, México, 84; Galeria Maede, Alemanha, 84-85; International Gallery, Nova York, 88; Museu de Gottenborg, Dinamarca, 89; Feira de Los Angeles, 89; Homenagem a Bardi, Masp, 90; 1ª Trienal de Gravuras, Osaka, Japão, 91; Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro; Museu de Belas Artes, Rio, 2002; Centro Cultural dos Correios, Rio; MuBE, São Paulo, 2004/2005; MAC SP; Museu de Arte Contemporânea de Olinda; e Museu de Arte Moderna, Salvador, Bahia.
Grande ativista cultural, Granato é considerado “o agitador dos pincéis”
Mais informações sobre o artista no site: www.ivaldgranato.com.br