Um mês depois da morte da mãe, Felipe quis aprender a cozinhar. Carolina, sua esposa, não gostou nada disso. Ela nunca se deu com a sogra e já tinha estranhado quando Felipe fez questão de ficar com todos os livros de receita da mãe, que, aliás, cozinhava muito melhor que ela. Pouco a pouco, tudo o que se comia em casa era feito só pelo Felipe. Ele não deixava Carolina nem chegar perto do fogão. Um dia, quando viu o marido usando avental, luva e uma touquinha que tinham pertencido à falecida, Carolina teve uma crise de choro.
Viagens são a melhor fonte de inspiração para novas histórias. Mas o dólar está muito alto e então procuro alternativas. Começo a dar palestras com o título “Como consegui livrar meu marido das drogas.” Só que no meio de uma destas palestras o dito cujo aparece totalmente drogado no auditório lotado, gritando desaforos e me chamando de 171. Sofro muito depois disso, mas um cara faz um documentário sobre mim que acaba ganhando o festival “É Tudo Verdade”.
A coisa mais linda é ver meu marido sair para jogar o futebolzinho dele num sábado de manhã. Parece um menino. A coisa mais deprimente é ver meu marido sentado num banco do shopping esperando que eu termine de fazer as compras. Parece um velho.