Terror carioca. Para evitar um homem que pede esmolas com um bebê no colo me refugio num orelhão e finjo que vou telefonar. Agora estou cercado por incontáveis folhetos de travestis em estado de ereção colados no interior do orelhão. Teclo uma mistura de dois celulares de anúncios diferentes. Um deles promete 22 centímetros, o outro, 23. De repente sinto um toque no meu ombro e estremeço. É ele: o homem com o bebê no colo. Ele me mostra algo doce que quer vender para mim e, ao mesmo tempo, me avisa: “O Senhor esqueceu de botar o cartão”.
Acho que aquela foi a maior loucura que eu cometi sob o efeito da bebida. Eu estava tão embriagada que pedi ao motorista do táxi para preencher o cheque para mim. Só no dia seguinte percebi o risco que corri, quando descobri uma mensagem e um número de telefone na capa do talão: “Você não mais vai poder dizer que anjos não existem. Me liga. WALTER.” Não, esta estorinha não terá um final romântico. Eu não liguei e continuo não acreditando em anjos. Só estou tentando beber menos.