O BÁSICO SEGUNDO FREDERICO DALTON

Ando tão angustiado pela convicção de que tudo, até a coisa mais banal, é apenas a ponta visível de infinitas camadas de complexidade, que decidi fazer um retiro espiritual num feriadão do Dia do Trabalho. Soube de uma casa, concebida no mais despojado estilo japonês, que oferece o ambiente perfeito para o reencontro com a simplicidade. É o que preciso. Cruzo o jardim minimalista e dirijo-me à recepção. Tudo aqui é puro e “zen”. Mas o recepcionista é um robô.

Se, como eu, você também tem um marido que trabalha na Petrobras, este é o momento de apoiá-lo e principalmente ensiná-lo a valorizar as coisas simples, como um sacolé, um pastel de vento e uma pipoca do saco cor-de-rosa. A gente nunca sabe o dia de amanhã.

 

Analu tem medo de ficar pobre. Ela acha que a pobreza reduz o ser humano a seus instintos. Na visão dela, a penúria impede que a pessoa reflita sobre o que é, apenas sobre como conseguir o básico que lhe é possível. Então, Analu começou a namorar Armando, que é rico. E agora ela acredita que esta relação a colocará num “plano superior”. Vamos ver. Boa sorte, Analu.