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O PAPA E O DIABO

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CARLOS FRANCO
O Papa Bento 16 usa. As estilistas de moda adoram. E até o diabo veste Prada – em livro e nas salas de cinema.
Quem está por trás do sucesso dessa grife italiana, no entanto, é uma intelectual de gestos simples, embora nobres. Única estilista a figurar na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo da revista americana Time, Miuccia Prada é formada em Ciência Política e por décadas foi ferrenha e apaixonada militante do Partido Comunista Italiano, o PCI. E, ao contrário de muitos, não esconde as opções do passado.
Miuccia acredita que foi a visão marxista, de ampliar o acesso de todos aos bens de consumo, que a fez lançar a primeira coleção prêt-à-porter da grife que herdou da família, os irmãos Prada que criaram a Fratelli Prada em 1913, em Milão. Eles eram sapateiros e Miuccia também tem orgulho dessa origem e sempre soube estimular a criatividade de seus pares, o que fez com que a grife se tornasse referência no glamouroso mundo da moda e viesse, como hoje, a ditar regras.
A mulher que sonhava mudar o mundo, comanda um verdadeiro império do luxo. Prada não calça apenas o Papa – nada a ver com as sandálias do pescador Pedro, primeiro a ocupar o trono do catolicismo -, mas também as mais belas e desejadas modelos. Suas bolsas exclusivas fazem sucesso em todo o mundo. É que a militante comunista decidiu que lançaria sempre uma coleção para todos, em grande escala, e outra, exclusiva, para poucos, que acabam por subsidiar a produção em escala. É uma estratégia que tem dado resultado e que se espalhou pelo mundo as grifes de luxo. É o caso das canetas Montblanc, que lançam coleções exclusivas em paralelo ao modelito básico, popular entre nove a cada dez economistas e profissionais de mercado financeiro. A turma da equipe econômica de Fernando Henrique Cardoso, com Pedro Sampaio Malan à frente, tinha nessas canetas uma espécie de uniforme.
Voltando à Miuccia, foi essa mulher que percebeu a importância de oferecer conforto e glamour à peças que pudessem ser usadas tanto no trabalho, como no lazer e nas recepções de luxo. Se a francesa Gabrielle Bonheur Chanel, a cortesã Coco, revolucionou a moda com o “pretinho básico”, Miuccia emprestou a esse modelo sapatos e bolsas versáteis. E, agora, tem também perfumes e roupas, numa diversificação que virou tendência entre as grifes.
É que a mulher há muito deixou de ser secundária no mercado de consumo, assumiu posições no mundo do trabalho, da política e é quem mais influencia nas decisões de compra. A General Motors, por exemplo, tem pesquisa mostrando que 80% das vendas de automóveis são influenciadas por palpite feminino. A rede de varejo Telhanorte também chegou a essa conclusão ao identificar que atualmente 42% dos clientes que consomem nas unidades da rede são mulheres e a participação efetiva na compra de produtos, por parte delas, cresceu em 27% entre 2006 e 2008. Não à toa, a rede oferece desconto este mês apenas para elas.
As agências de publicidade, como Africa, DM9, Ogilvy, McCann-Erickson (que tem no comando de criação uma mulher, Adriana Cury) e a MPM. que é presidida por Bia Aydar, já descobriram esse filão e estão atentas a esse aumento da participação feminina nas decisões de compra. 
Como Miuccia, as mulheres estão revolucionando hábitos de consumo e são referências no mercado, no caso brasileiro, a exceção à regra, fica por conta de campanhas de cerveja, onde elas ainda são o não tão obscuro objeto do desejo, mas o próprio e seminu desejo. E quem diria, o Papa e o diabo se renderam à comunista Miuccia Prada. O mundo das marcas tem esse poder. 

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