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O que é isso, princesa?

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Carlos Franco

Não há dúvidas. O Brasil é mesmo um país de contrastes gritantes. O colunista Bruno Astuto, do jornal carioca O DIA, informa que a bela Grazzi Massafera, que conquistou o país por sua simplicidade ao participar da sexta edição do Big Brother Brasil e que tem dado duro para interpretar, com o mínimo de inteligência, personagens em novelas da TV Globo (é a Florinda de Desejo Proibido), usará na Marques de Sapucaí, a passarela do samba, um vestido de R$ 800 mil.

Tudo bem que é jogada de marketing. O vestido de ouro criado pelo estilista Victor Dzenk é peça de divulgação da mineradora Anglogold Ashaaanti. Mas, vamos combinar, é um pouco demais. Pior: não tem nada a ver com o espírito do carnaval, ocasião em que o pobre vira rei e enche de alegria as passarelas.

Esse é o tipo de marketing de mau gosto, especialmente num país em que a cifra corresponderia a bem mais de 10 anos de trabalho ao valor atual do salário mínimo, incluindo férias e décimo terceiro. E é essa gente do salário mínimo que dá o tom da Grande Rio, escola pela qual Grazzi desfila, na avenida. Gente simples de Caxias e arredores, que, no samba e no gogó, empresta brilho à escola, bem mais reluzente que o ouro da mineradora.

E nem adianta alguém vir usar a frase que o jornalista Elio Gaspari enfiou na boca de Joãozinho Trinta (segundo seu amigo, Mario Sergio Conti no livro “Notícias do Planalto”), de que intelectual adora miséria, pobre gosta é de luxo. Esse tipo de estratégia de marketing é coisa de pobre de espírito, que sequer entende as origens do carnaval e respeita o andar debaixo, onde vive e reina a patuléia e a riqueza cultural do carnaval.

A notícia, dada por uma coluna de jornal carioca, é mais um reflexo de que vale tudo para ganhar espaço gratuito na mídia. Depois que várias empresas decidiram apertar verbas de marketing – é uma concorrência atrás da outra buscando agências que prometem entregar mais por menos – parece que a velha e a boa propaganda começa a andar de lado e soluções como esta tendem a virar regra.
Tudo bem que no mundo da moda a fórmula seja mais simples : basta chamar a Gisele Bündchen e garantir mídia gratuita, mas isso se justifica até porque muitas grifes não teriam mesmo como bancar custos de campanhas publicitárias que comprometeriam totalmente o seu faturamento. Mas uma mineradora? Será que a Anglogold Ashanti não tem dinheiro para fazer publicidade como se deve? Está assim tão mal das pernas para recorrer a este tipo de expediente?

E Grazzi? A pobre princesa terá de carregar 7 quilos de ouro no corpo em forma de vestido e ainda mostrar que tem samba no pé. No país dos contrastes gritantes, isso soa mal, muito mal. Mas os”gênios” do marketing não estão nem aí. Começam, desde já, a contabilizar o espaço gratuito que isso vai gerar na mídia e, não duvidem, até este texto – alertando para a pobreza das idéias e a sua desconexão com o carnaval – corre o risco de engrossar o clipping. E serve de argumento para marqueteiros de plantão demonstrarem como estavam certos. Podem até dizer que os cães ladram e a caravana passa. Mas esse é sem dúvida nenhuma, apesar de tanto ouro, uma caravana de mal gosto, de aberração. Prefiro mesmo latir e até ser chamado de cão raivoso, mas não deixar passar em branco esse tipo de estratégia que só empobrece o que chamamos de marketing.


 

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