As invasões francesas e suas colônias inspiraram muitos imigrantes de países pobres da África, que partiram para Paris na esperança de fazer fama e fortuna, levando na bagagem o novo para o velho continente.
Essa é a a história de muitos, em particular de Loris Azzaro, que nasceu em 1933, na Tunísia, filho de pais italianos. Passou a infância e a adolescência na África, nesse país que tem na cidade de Tunis, a sua principal dimensão econômica e social e, já adulto, rumou para a França.
O objetivo inicial de Loris Azzaro era o de estudar ciências políticas em Toulouse, mas ele acabou por trocar a vida acadêmica pela moda e, em 1962, inaugurou sua maison no emblemático endereço da capital parisiense que sedia até hoje a loja número 1 da griffe (na 65 rue du Faubourg Saint Honoré).
No começo da carreira, Azzaro desenhava acessórios bordados com contas, até que, em 1968, um vestido com círculos vazados no decote lhe garantiu o reconhecimento do mundo da moda. Batizado de 8, o estilo de decote usado nesse vestido tornou-se uma das maiores marcas registradas da costura de Azzaro até os dias de hoje.
Rapidamente e por força da ousadia, Azzaro conquistou fama, respeito e admiração. O corte ousado, os ornamentos de contas, os vestidos justos e os corpetes drapeados ou plissados tornaram-se a sua marca registrada. O final dos anos 60 pregava uma moda simples e futurista, o que não o impediu de trazer de volta o strass e as lantejoulas, já que a mulher Azzaro era um objeto de sedução e, por isso, tinha de ser glamorosa e sexy como aquelas que via em Tunís. As origens africanas nunca abandonaram a visão desse estilista, e, ao contrário, era essa capacidade de aliar novos materiais a desenhos exóticos, sensuais, o que, desde o início, o permitiu, crescer num disputado mercado francês da indústria da moda.
Azzaro também seguiu os passos dos costureiros famosos que presenteavam atrizes e celebridades com seus vestidos na esperança de que, assim, pudessem sair do anonimato, serem citados em colunas sociais e, em particular, em publicações que sempre fizeram a cabeça de outras mulheres, como Vogue, Elle e Marie Claire. Bardot, Sophia Loren, Raquel Welsh, Claudia Cardinale, Angie Bowie, Isabelle Adjani e a americana Nicole Kidman, ex-Tom Cruise, foram algumas das agraciadas com esses vestidos, tornando-os desejado por outras beldades – algumas nem tanto – ao redor do mundo, mas vitaminando a marca.
Loris Azzaro, depois de ter literalmente arrassado Paris e o mundo com suas criações, morreu de câncer, em 2003, aos 70 anos. Mas a fórmula usada para o estrelato da marca, idêntica a nove entre dez grifes, continua a render resultados. Agora, qume assina as criações dessa maison é a argentina Vanessa Seward, que tem mantido inalterada a visão do estilista, mesclando-a com mais conforto e modernidade de forma que os vestidos possam ser usados tanto durante a noite como durante o dia, sem perder o glamour, reservando-se apenas para as coleções de gala, os brilhos com os quais Azzaro emprestava exòtica elegância a corpos femininos.
Não sem motivo, a grife é uma das presenças no filme “O diabo Veste Prada”, que a turma fashionista adora de paixão.
Impossível, porém, falar de Azzaro sem citar os perfumes da marca, que asseguram a maior fatia das vendas dessa grife. Inspirados no Mar Mediterrâneo, que separa a França da Tunísia, ao norte da Africa, esses perfumes integram a lista dos mais vendidos em todo o mundo nos últimos 30 anos. O sucesso deve-se ao Azzaro pour homme, lançado em 1978 e que se tornou um ícone da perfumaria mundial, usado tanto por homens quanto mulheres. De 1975 a 2006, foram lançados 16 perfumes, entre eles os campeões de vendas Azzaro pour homme, Chrome, Acteur e Visit, além dos femininos Eau Belle e Pink Tonic.