Morreu na madrugada de hoje (16), no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o empresário Olacyr de Moraes. A notícia foi divulgada na página oficial do empreendedor, que tinha 84 anos. Segundo a nota, ele sofria de um câncer no pâncreas, diagnosticado no começo do ano passado.
Por Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil
Nascido em Itápolis, interior paulista, Olacyr ficou conhecido, na década de 1980, como Rei da Soja. No período, ele chegou a ser o maior produtor mundial do grão. Com o pai, na década de 1950, o empresário iniciou a carreira no ramo de transportes.
De acordo com informações da página do empresário, os negócios cresceram quando a empresa passou a atuar também no ramo da construção civil, prestando serviços de pavimentação de ruas para a prefeitura de São Paulo. O então jovem Olacyr vivia na capital paulista desde os 14 anos, para onde se mudou acompanhando a família.
Em 1971, o empresário abre o capital de sua empresa, a Constran, que passa a ser uma sociedade anônima. O aumento dos investimentos permitiu que a companhia pudesse atuar na engenharia civil pesada, construindo aeroportos, ferrovias e emissários submarinos. A empresa participou, inclusive, do início das obras do metrô de São Paulo.
Beneficiado por incentivos e créditos da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Olacyr passou a investir em agropecuária em Mato Grosso. Em 1973, fundou a Itamarati Agro Pecuária S.A. em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul. A propriedade tinha 50 mil hectares destinados ao cultivo de soja, milho, arroz, trigo e algodão. Dois anos depois, inaugurou em Diamantino, Mato Grosso, a Fazenda Itamarati Norte, com 110 mil hectares.
Na década de 80, o empresário chegou a ser o maior produtor individual de soja, quando passou a ser conhecido como Rei da Soja. À época, Olacyr atuava ainda no setor sucroenergético, com as Usinas Itamarati, com 100 mil hectares em Nova Olímpia, Mato Grosso.
Na década de seguinte, o grupo de Olacyr sofreu perdas com a construção da Ferronorte, estrada de ferro ligando Mato Grosso a São Paulo. O empreendimento não teve o retorno esperado por causa de atrasos no projeto. Também houve prejuízo com a instalação de duas usinas hidrelétricas em Mato Grosso. O empresário pretendia vender parte da energia gerada pelos empreendimentos, o que não foi possível.
Em 2004, a Fazenda Itamarati foi vendida ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para implantação de um assentamento em Ponta Porã. Em 2002, Olacyr havia perdido uma ação em que tentava anular as dívidas da propriedade. A venda da fazenda marcou o período em que o empreendedor teve de se desfazer de grande parte do patrimônio. Em 2003, foi fundada a Associação de Credores da Constran e de Olacyr de Moraes para cobrar judicialmente as dívidas do empresário.
NOTA OFICIAL DA SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA
Com pesar, recebemos a triste notícia do falecimento do empresário Sr. Olacyr de Moraes, sócio da Sociedade Rural Brasileira.
Reconhecidamente, foi corajoso e visionário. Acreditou na potencialidade e na grandeza do agronegócio em grande escala e a longo prazo.
Grande empresário, atuou como banqueiro e industrial da construção civil. Na agropecuária, Olacyr alcançou maior destaque. Pecuarista e agricultor no Cerrado, trabalhou com proeminência na produção de diversas culturas, como a de soja, mercado em que se tornou o maior produtor mundial da oleaginosa.
Empreendeu investimentos ousados em regiões carentes de infraestrutura, que se tornaram modelos de produtividade, como o Estado do Mato Grosso. Na região, criou a empresa Usinas Itamarati, a maior do mundo em quantidade de cana esmagada por safra.
Também criou a Ferronorte, a primeira ferrovia executada pela iniciativa privada no País, hoje responsável por parte do escoamento da soja produzida na região oeste do Brasil. Juntamente com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ainda financiou importantes pesquisas para o lançamento de variedades mais produtivas de algodão, soja e trigo.
A SRB perde um importante sócio e o Brasil, uma referência.
Com o mais profundo sentimento,
Gustavo Diniz Junqueira
Presidente da Sociedade Rural Brasileira