SEPARAÇÕES SEGUNDO FREDERICO DALTON

Brigaram feio numa viagem a Roma. Nem era uma amizade muito antiga, mas meia hora depois já estavam “de bem” novamente. Os dois brasileiros, num quarto de hotel de uma cidade estranha, se reconciliaram quase sem saber por quê, com um abraço emocionado e curto, sorrindo e renunciando rapidamente a todo tipo de orgulho. Ainda foram juntos visitar Villa d’Este no dia seguinte, antes de voltar para o Brasil. Porém, depois que chegaram nunca mais se procuraram. Deletaram-se na agenda e no Facebook também. Quem sabe, voltarão a ser amigos quando forem estrangeiros outra vez.

Roberto e Hugo são irmãos, estão brigados e não se falam há anos. Mas é claro que ainda se amam e tudo o que querem é ser amigos de novo. Porém, como são orgulhosos demais para se reaproximarem espontaneamente, todo dia sonham que um dia o telefone vai tocar e eles serão convidados por um assistente de produção de TV a fazer as pazes num programa de auditório, onde se abraçarão chorando copiosamente.

Sempre soube que minha mulher era meio mandona. Mas comigo ela pegava leve e eu deixava pra lá. A coisa ficou séria mesmo depois que nosso primeiro filho nasceu. Então, ela não sabia mais diferenciar quem era a criança. Um dia, numa de nossas brigas, ela olhou bem sério para mim e ordenou: “Agora você vai ficar de castigo no seu quarto e só vai sair quando eu mandar!” Aí eu achei que já era hora de sair do nosso casamento.