O filme “Três irmãos de sangue”, com direção e roteiro de Ângela Patrícia Reiniger, (contando com Cristiano Gualda como co-reteirista) presta homenagem aos dez anos de ausência do Betinho, que no dia 09 de agosto comemora aniversário de morte. O documentário, que será lançado em 17 de agosto no Rio, São Paulo e Minas, retrata a vida dos três irmãos Betinho, Henfil e Chico Mário, brasileiros que fizeram da solidariedade a sua grande arma na luta pela vida e que ajudaram a tornar o Brasil um país mais justo e solidário.
Exibido em maio no Festival de Cinema em Paris 2007, “Três Irmãos de Sangue” ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Goiânia e menção honrosa no Festival Fêmina em julho deste ano, tendo sido o único representante brasileiro na competição internacional de longas.
Já foi apresentado também no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo no ano passado. O documentário é uma realização da No Ar Comunicação, com o patrocínio cultural da Petrobras e distribuído pelo Estação. O Estação, que se especializou, na distribuição, em lançar clássicos do cinema mundial, filmes independentes e cinematografias pouco difundidas, iniciou, em 2006, um projeto de promoção e distribuição de filmes brasileiros, priorizando produções inovadoras e alternativas, como “O Cheiro do Ralo”, que alcançou a marca dos 150.000 espectadores, “Fabricando Tom Zé” e “Pedrinha de Aruanda – Maria Bethânia”.
“Três irmãos de sangue” mostra a vida de cada um dos três irmãos e como suas ações se misturam com a história política, social e cultural do Brasil na segunda metade do século XX. Eles contribuíram, cada um a sua maneira, para as principais transformações pelas quais passou o povo brasileiro nesse período. Betinho, cientista social, exilado político, fundador da Campanha Contra a Fome e a Miséria e Pela Vida, que foi indicado em 1994 ao Prêmio Nobel da Paz; Henfil, cartunista que lutou pela volta dos exilados durante a ditadura militar e criou a expressão “Diretas Já” como forma de exigir a volta da democracia ao Brasil; e Chico Mário, músico pioneiro da questão da música independente e compositor de canções contra a tortura. Os irmãos definitivamente sabiam da importância da defesa dos direitos humanos e se esforçaram ao máximo para alcançar esse objetivo.
Hemofílicos, foram contaminados pelo vírus HIV através de transfusão de sangue. Isso os tornou um símbolo da luta contra a AIDS no Brasil. O fato do país hoje ser visto como referência mundial no combate à AIDS tem muito a ver com o pioneirismo deles em relação a essa causa. Para eles, a luta pela vida sempre esteve em primeiro lugar.
Como diz Frei Betto no início do documentário: “Eram três irmãos embriagados de utopia, no sentido forte dessa palavra, não apenas como um sonho, mas como um projeto que os engajou numa militância permanente”.
Já Zuenir Ventura, de O Globo, diz que: “A diretora conseguiu mostrar, sem pieguice, bem ao estilo dos três irmãos, como a luta contra a morte pode ser uma exemplar lição de vida”.
Luiz Zanin, do Estado de São Paulo, fala que se trata de “Um belo e emocionante filme, que traça a saga de uma família e também de um período, tanto difícil como épico da história recente”.
E o colunista Sebastião Nery afirmou que “O impacto e mergulho humano do filme vêm da história contada para ser pensada e absorvida. É todo um levantamento histórico, minucioso, sério, biográfico, mas principalmente político, social, de Minas e do Brasil, a partir dos anos 50 até a ditadura de 64 e as batalhas da resistência, do exílio, da abertura, da anistia, das Diretas-Já. Ângela Reiniger não fez um filme de pessoas. Fez um filme do tempo”.