O Festival Internacional de Publicidade de Cannes entra na reta final antes da semana festiva que vai de 21 a 27 de junho, reunindo jurados, publicitários e celebridades de todo o mundo. O clima é de expectativas, mesmo que várias agências tenham anunciado a ausência – melhor: presença mínima – como F/Nazca e NeogamaBBH. E grandes grupos, como DDB. tenham cancelado festões que sempre fizeram a alegria do balneário francês da Côte D’Azur. E se muitos apostam em fiasco ou um clima meia-boca (os franceses odeiam a expressão demi-bouche) é melhor rever previsões. Uma coisa é certa: o festival, como ocorre há 55 anos, continuará existindo e na hora H muitos vão torrar seus euros em Cannes, sonhando com a conquista de leões – o troféu estilizado por Pierre Cardin que faz referência ao nascimento do festival na cidade italiana de Veneza.
O próprio surgimento desse que é o maior festival da publicidade e propaganda mundial é prova de sua tenacidade e resistência. Em 1953, exibidores de cinema criaram a Sawa (Screen Advertising World Association), que decidiu exibir filmes publicitários feitos para cinema no encerramento do Festival de Cannes. A mostra, sem caráter competitivo, fez grande sucesso. Diretores de cinema, como Federico Fellini, que temia a concorrência que a televisão viesse a fazer ao cinema, aplaudiram a iniciativa, assim como atores e atrizes. No ano seguinte, a mostra seguiu para Veneza, no encerramento do festival de cinema sediado naquela cidade. O entusiasmo foi tanto que decidiu dar uma estatueta para o melhor filme comercial.
O tempo passou, o festival se mudou definitivamente para Cannes mas levou os leões como prêmio, e estes ganharam a companhia da Palme D’Or, até hoje entregue á melhor produção de comerciais.
O festival resistiu e quando os filmes escassearam nas salas de cinema também decidiu, por força de donos de jornais e revistas, a premiar impressos. Nessa toada passou a criar novas categorias, como out-door, internet (cyber), marketing direto, mídia (trabalhos que mostrem inovação), promoção, titanium (mídias inegragadas) e agora, neste ano, PA, ou no melhor português, assessoria de imprensa e relações públicas.
Assim, Cannes foi se tornando referência e viveu em 2002, o mesmo clima de hoje tomou conta do festival,. Muitos acreditavam que após os atentados terroristas de setembro do ano anterior, o festival perdiria público e glamour.
O festival, ao contrário, fez sucesso e as campanhas exibiram uma maior preocupação do homem como o homem, e uma queda tenaz pelo carpe diem, o colher a melhor fatia do dia. É que os americanos, sobretudo, tomaram consciência da provisoriedade da vida. Hoje, aqui estamos mas nas portas dos cemitérios almas está grafado que por vós esperamos. Então, vamos viver.
Neste ano, quando a crise financeira global parece criar desestímulo, publicidade e propaganda voltam à simplicidade, como que seguindo a cartilha de uma velha cortesã, Coco Chanel, que quanto mais simples melhor. Tanto que e sucesso na internet campanhas que buscam envolver pessoas, como uma de T-Mobile, bonita de se ver e que tem milhões de visitações na internet. Um grupo de dançarinos se posiciona numa estação de trem em Londres, começam a dançar e a contagiar o publico. Há nela o pipocar dos flashs de celulares e telefonemas de quem estava ali, falando para outros o que estava vendo. Intervenções no cotidiano parecem estar ganhando terreno. Cannes será o melhor espelho dessas tendências, com ou sem festa no famoso calçadão do balneário, o verão francês numa das praias mais badaladas do mundo nunca deixou de ser reluzente.
UMA HISTÓRIA DE CANNES
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