A LEI DO DESEJO
CARLOS FRANCO
O valor de uma marca ultrapassa, muitas vezes – para dizer a verdade, na maioria delas-, o mundo real. Edmur Celice, da MPM Propaganda, se mostrou surpreso com o último ranking da consultoria inglesa Interbrand, do grupo WPP, revelando que a Louis Vuitton tem valor mais de seis vezes superior ao da Ferrari e suas possantes máquinas vermelhas. Mas como a marca é aquilo que falam de nós quando não estamos presentes e principalmente onde se fala e quem fala, as malas, bolsas e acessórios Louis Vuitton briham mais que as possantes máquinas italianas.
Uma história que começa em 1851, quando o jovem Louis Vuitton, passa a ser fornecedor das bagagens oficiais do imperador francês Napoleão III e da imperatriz Eugénie. Não demorou para que esse suíço residente em Paris, abrisse a sua loja, sinônimo elegância e, em se tratando de antigos baús de viagem, segurança, com cadeados produzidos artesanalmente e com segredo único. Tradição ainda mantida.
Em 1854, a Maison Louis Vuitton abriu as portas e as famosas iniciais ganharam histórias e histórias. Os produtos, como os demais do mercado de luxo, tornaram se objetos não tanto obscuros do desejo e prevalece a lei que faz deles aquilo que se sonharia ter.
A propaganda e a publicidade reforçam a intenção e essa lei do desejo, uma vez que mais importante que o consumidor tradicional – alguns até ganham produtos de presente para usá-los em festas e recepções onde pipocam flashes – é o potencial, aquele que não pode comprar um produto, mas o coloca na prateleira das intenções. E é do futuro que vivem as marcas.
O presente anda meio devagar. Eloysa Simão, que comanda o Fashion Rio, notou os efeitos da crise no mundo da moda. Mas, com olhos de lince, que tem especialmente quando se trata de lançar tendências, assegura que é a criatividade, a reciclagem e o uso de materiais alternativos o que irá assegurar a posição da moda no mercado futuro. Exatamente como fizeram as marcas que figuram no ranking da Interbrand, que há séculos aprenderam a lançar produtos mais acessíveis e tornar alguns inacessíveis para, com isso, permanecerem no topo. Não foi sem motivo que a poderosa e valiosa grife Armani apresentou Victoria Beckham como garota propaganda. Sonha marcar um golaço. E como o mundo da moda e da publicidade é feito também de tititi, não se fala de outro assunto nas rodas a não ser separação do publicitário Nizan Guanaes da socialite Donatta Meirelles (Daslu). Nizan já não mora mais na “casa amarela”, que foi de Assis Chateaubriand. Alugou, por tempo limitado a casa do arquiteto Sig Bergamin, mas, é claro, não abriu mão do sonho de ser o dono da bola na área de comunicação. Tem agências e fôlego para isso.
PRECIOSIDADES
(valor das marcas de luxo)
1 – Louis Vuitton – US$ 21,6 bilhões
2 – Gucci – US$ 8,2 bilhões
3 – Chanel – US$ 6,3 bilhões
4 – Rolex – US$ 4,9 bilhões
5 – Hermes – US$ 4,5 bilhões
6 – Cartier – US$ 4,2 bilhões
7 – Tiffany & Co – US$ 4,2 bilhões
8 – Prada – US$ 3,5 bilhões
9 – Ferrari – US$ 3,5 bilhões
10 – Bulgari – US$ 3,3 bilhões
Fonte: Interbrand