VIAGENS SEGUNDO FREDERICO DALTON

Um namoro encerrado às vezes é como o dinheiro que sobra de uma viagem ao Exterior. Você vê aquelas notas lindas, se lembra dos momentos felizes e pensa: Por que não? Por que deixar este potencial guardado se ainda ficou algo a ser aproveitado, repetido, revisado. Então você decide voltar. E compra mais dólares. Mas aí, nesta segunda vez, o real já vale bem menos, chove o tempo todo e você decide que tão cedo não vai viajar de novo.

 

Numa abafada tarde do verão de 1505, enquanto pintava o retrato de uma jovem senhora, Leonardo da Vinci teve uma súbita vontade de largar tudo e se mandar para as terras que os portugueses tinham acabado de descobrir. Imaginou-se estudando o sistema reprodutivo dos selvagens e financiaria sua viagem vendendo projetos de armas capazes de matar milhares de nativos de uma só vez. Mas Lisa percebeu sua distração e o repreendeu.

 

Um cara do Mato Grosso não deveria ser um bruto? Mas como se explica que este aqui seja tão educado? E quando ele está viajando com uma mulher de Santa Catarina, que só pode ser pura e boa, o que é que acontece? Será que se dão bem? Bobagens que só passam pela cabeça deste recepcionista do hotel doido para terminar logo o serviço, voltar para casa e escrever poemas.