A peça Zona de Guerra, de Eugene O’Neill, ganhadora do Prêmio APCA de Melhor Espetáculo de 2006, será apresentada neste domingo (12/08), à 00h00,na TV Cultura, no programa Direções – Por Um Novo Caminho na Teledramaturgia, uma co-produção da TV Cultura e do SESCTV.
O teleteatro, adaptado e dirigido por André Garolli, conta a história de um jovem que se emprega num cargueiro inglês, que contrabandeia munição durante a Primeira Guerra Mundial. O rapaz tem em seu poder uma caixa preta, que gera desconfiança e um clima de terror na tripulação, pois todos pensam que ele é um espião a serviço dos alemães.
O elenco é formado por João Bourbonnais, Roberto Leite, Guilherme Lopes, Bruno Feldman, Kalil Jabbour, Denis Goyos, Wagner Menegare e Reinaldo Taunay. O teleteatro Zona de Guerra foi totalmente gravado na Casa das Caldeiras, em São Paulo.
Para o diretor André Garolli, a peça escrita em 1916 continua atual. “A peça pode ser vista como um grito contra a violência a que estamos sujeitos em momentos de medo”, enfatiza Garolli.
O programa Direções – Por Um Novo Caminho na Teledramaturgia é, efetivamente, um laboratório para a pesquisa de novas linguagens. Até agora, incluindo Zona de Guerra, a TV Cultura já exibiu 15 dos 16 teleteatros que irão ao ar, semanalmente, até 19 de agosto. O projeto conta com as participações de diretores com expressiva atuação no teatro paulista, porém estreantes em televisão. São eles: Rodolfo García Vázquez, Samir Yazbek, Georgette Fadel, Maria Thaís, Bete Dorgam, Maucir Campanholi, Beth Lopes, Débora Dubois, Sérgio Ferrara, Pedro Pires, Sérgio de Carvalho, Marco Antônio Braz, Mário Bortolotto, André Garolli e Eduardo Tolentino.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 16 anos
ANDRÉ GAROLLI
André Garolli começou a carreira como ator, mas sempre despertou interesse pela direção teatral. Seu trabalho como diretor resultou na conquista do Prêmio APCA de Melhor Espetáculo em 2006, com a peça Zona de Guerra, de Eugene O’ Neill. Em 2005, dirigiu O Mata Burro, de Fabio Torres, que também foi indicado ao prêmio SHELL de Teatro. Suas experiências com o teatro infantil também lhe renderam vários prêmios, como O Rapto das Cebolinhas, de Maria Claro Machado, que recebeu três Prêmios Mambembe de Teatro; Tribobó City conquistou dois Prêmios Panamco de Teatro Jovem; e A Menina e o Vento, dois Prêmios APETESP.
Eugene O’Neill
Grande parte dos dramas escritos por O”Neill (1888-1953) na primeira fase de sua carreira aborda a condição de homens que ele conhecia bem, especialmente aqueles ligados ao mar.
O desenvolvimento dramático de suas primeiras peças baseia-se no naturalismo cênico. A grande novidade desta obra não estava na forma, mas nos temas escolhidos e na sua abordagem, na rudeza de seus personagens, na devassa que ele fazia de seus pensamentos e sentimentos mais íntimos. Desde o inicio, O”Neill permeou suas obras de uma ironia trágica. Quase sempre, os homens alimentavam-se de sonhos que não conseguiam realizar diante da inexorabilidade de seus destinos, contingenciados por condições sócio-econômicas adversas.
Se, por um lado, os personagens de O”Neill não podem viver sem ilusões, também é certo que sofrem com a impressão de que jamais alcançarão seus objetivos. As ilusões constituem a perdição e a redenção dos personagens, pois O”Neill afirma que sonhar é uma das condições para se viver. Segundo ele, devemos alimentar nossos sonhos, mesmo sabendo que será difícil concretizá-los. Para ele, “o único sucesso está no fracasso” e qualquer homem que se surpreenda um dia pensando não haver mais o que perseguir, estará acabado.