Notice: A função add_theme_support( 'html5' ) foi chamada incorretamente. Você precisa passar um array de tipos. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 3.6.1.) in /home/u753479000/domains/revistapublicitta.com.br/public_html/wp-includes/functions.php on line 5865
SAMARCO VARREU BENTO RODRIGUES DO MAPA DE MINAS - Revista Publicittà SAMARCO VARREU BENTO RODRIGUES DO MAPA DE MINAS - Revista Publicittà

SAMARCO VARREU BENTO RODRIGUES DO MAPA DE MINAS

0

A Samarco, décima maior exportadora do Brasil, controlada pela Vale em joint venture com a BHP Billiton, maior empresa de mineração do mundo, varreu o distrito mineiro de Bento Rodrigues literalmente do mapa com o rompimento de duas das suas maiores barragens de detritos nessa região que fica no município histórico de Mariana. Os moradores, em meio aos escombros, ficaram sem casas, sem passado, sem roupas e os bens  adquiridos ao longo de anos de trabalho. Os moradores assistiram estarrecidos, assim como todos os brasileiros, o mar de lama invadir sua história e tornaram-se foragidos dentro do próprio local em que depositaram suas esperanças de uma vida melhor rompida pela mineradora que tem unidades em Minas Gerais (Germano e Mariana) e no Espírito Santo (Ubu, em Anchieta) e escritórios de vendas em Vitória (ES), Amsterdam (Holanda) e Hong Kong (China). A Samarco emprega cerca de três mil trabalhadores e mantém uma cadeia de de 3,5 mil fornecedores sediada, como os controladores Vale e BHP Billinton, no Rio de Janeiro.

Mariana (MG) - Área afetada pelo rompimento de barragem no distrito de Bento Rodrigues, zona rural de Mariana, em Minas Gerais (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Mariana (MG) – Área afetada pelo rompimento de barragem no distrito de Bento Rodrigues, zona rural de Mariana, em Minas Gerais (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Paula Laboissière – Enviada Especial da Agência Brasil

O pedreiro Marcos Eufrásio Messias, 38 anos, vivia no distrito de Bento Rodrigues, zona rural de Mariana (MG), desde que nasceu. Morava com a mãe, os irmãos e dois sobrinhos. Criava galinha, pato e codorna. Tinha, como ele mesmo conta, a vida feita. Mas perdeu tudo depois que duas barragens na região se romperam e a lama destruiu o povoado.

Mariana (MG) - Marcos Eufrásio, morador da área afetada pelo rompimento de barragem no distrito de Bento Rodrigues, zona rural de Mariana, em Minas Gerais (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Morador em Bento Rodrigues, o pedreiro Marcos Eufrásio Messias diz que terá de recomeçar: “Eu tinha a vida feita”. Foto:  Antonio Cruz/Agência Brasil

“Eu tinha casa bem aqui no centro”, contou, apontando para um revirado de lama e sujeira. “Conseguimos sair a tempo, mas perdi carro, documento, cartão de banco. Tudo. Só conseguimos salvar a vida. De resto, não sobrou nada.”

A dona de casa Teresinha Custódio Quintão, 49 anos, também morou a vida toda no distrito atingindo pela tragédia. No momento em que as barragens se romperam, ela estava na cozinha do restaurante onde trabalhava com a irmã.

“Na hora em que vi a avalanche, minha irmã gritou. Eu estava acabando de arrumar a cozinha. Olhei para cima, vi uma chuva de poeira. Quando olhei de novo, vi a avalanche de lama.”

A casa de Teresinha fica na parte mais alta de Bento Rodrigues e não foi atingida pela tragédia. Serviu, na verdade, de ponto de apoio para receber os que perderam tudo. Acompanhada dos irmãos, passou a noite de sexta-feira (6) correndo de um lado pro outro, tirando gente das casas, carregando idosos, soltando animais presos.

“Deus ajudou porque estamos vivos. A nossa história ficou ali, debaixo da lama. Não sei o que vai ser da vida agora. A lama desmontou tudo, separou a família toda.”

Antônio Geraldo dos Santos, 32 anos, conseguiu salvar também a casa onde morava em Bento Rodrigues, mas acha que vai precisar retomar a vida em outro lugar. Ele, sete irmãos e dois sobrinhos saíram ilesos do local.

Mariana (MG) - Antonio Geraldo dos Santos, morador da área afetada pelo rompimento de barragem no distrito de Bento Rodrigues, zona rural de Mariana, em Minas Gerais (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Antonio Geraldo dos Santos, morador da área afetada,diz que “os desaparecidos não são parentes, mas é como se fossem”. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

“Como a comunidade é pequena, todo mundo se conhece. As pessoas que estão desaparecidas não são parentes, mas é como se fossem. A gente cresceu conhecendo todas elas.”

Para Antônio, o rompimento das barragens não acabou apenas com a casa de centenas de pessoas. “Agora, temos que começar do novo. Não sei como a gente vai conseguir. Só vai cair a ficha mesmo daqui uns três dias. Agora, a gente está no susto, na emoção, no sofrimento. Mas daqui alguns dias, a vida vai voltar ao normal e é aí que a gente vai descobrir o dano maior.”

 

 

 

Share.

About Author

Comments are closed.