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Um manifesto

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“No fim de janeiro, os desembargadores Bittencourt Rodrigues, Hélio de Freitas e Barbosa de Almeida votaram pela diminuição da pena do matador do Morumbi Shopping, Mateus da Costa Meira, de 120 anos para 48, apenas pouco mais de um terço.

A “lógica” do raciocínio diz que, mesmo tendo metralhado o cinema inteiro, apontado para várias pessoas individualmente  e matando 3 delas, os desembargadores consideraram que os crimes cometidos resultavam de uma única conduta.

É importante revelar aqui que, cumprindo só um sexto dessa pena, a “lei” proporciona ao criminoso o direito de solicitar regime de prisão semi-aberto. No caso do matador do shopping, isso significa cumprir apenas 8 anos e ficar solto. Considerando que este ano ele completará “coincidentemente” 8 anos de prisão, há grande possibilidade de o matador voltar às ruas – e aos shoppings- livre, leve e solto ainda em 2007.
Agora pense um pouco: como alguém que cometeu um dos crimes mais hediondos que se tem notícia neste país pode estar a um passo de -apenas 8 anos depois – estar em liberdade?

Este caso e o do menininho arrastado por bandidos no Rio são dois lados da mesma moeda: a violência endêmica e hedionda que se instalou no país. Enquanto isso você, que como nós, paga imposto, vive uma condição de “solidão de cidadania”, porque aqueles que comandam o país e controlam as leis nos deixaram sós, à mercê da realidade.
E a realidade é que o tempo correu e as leis formuladas muitos anos atrás não cumprem mais sua função, porque estão defasadas em relação ao panorama social atual. A lei e sua legislatura anacrônica nos forçam todo dia a encarar a realidade contemporânea como se fosse possível lutar uma Guerra do século 21 com armaduras e espadas do século 15.

Aos pais do menininho do Rio estendemos nossa solidariedade e sentimentos. E chamamos a atenção deles e de todos para um coincidência triste: um dos assassinos de seu filhinho estava em regime semi-aberto. O  mesmo regime que poderá ser solicitado pelo matador do shopping se sua pena for reduzida.
Será que não percebem? Não existe fato isolado. Não existe “cada caso é um caso”. Um fato leva a outro e cada caso gera um novo. É a lei da ação e reação, que sempre é mais real que a anacrônica lei dos homens brasileiros.

Enquanto isso, as pessoas ainda não atingidas pelo hediondo em suas vidas se perguntam: “O que está acontecendo nesse país?” Nada que não esteja acontecendo há muito tempo sem que nada esteja sendo feito por quem se pergunta “o que está acontecendo nesse país?”.

E não estamos falando de protesto ou indignação, passeatas emocionais e atos simbólicos. Isso tudo é tocante, mas só traz a quem participa a sensação falsamente apaziguadora de que se fez alguma coisa, mesmo que só para as câmeras.

A única coisa a ser feita é agir coordenadamente pressionando presidente, governador, prefeito e poder judiciário para que façam o que pagamos como cidadãos para ser feito.

Está na hora de crescer como povo e pegar o destino na mão. Senão, vamos morrer assassinados ainda na tenra infância da nossa cidadania.”

 

Karina, Carol e Hanna,
Filhas de Luiza Jatobá – cidadã assassinada pelo matador do shopping.

 

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