Uma investigação sobre um momento controverso na trajetória de Jair Bolsonaro: o abandono da carreira militar e o ingresso na vida política é a melhor definição para o livro “O cadete e o capitão”, de Luiz Maklouf Carvalho que traz com vasta documentação a vida do atual presidente, cercada desde o período em que integrou o Exército de atos irresponsáveis.
Jair Bolsonaro, descreve a Editora Todavia, em texto de divulgação, tornou-se uma figura pública em 1986, quando assinou na revista Veja um artigo em que reclamava do baixo soldo pago aos militares. Um ano depois, nas páginas da mesma revista, reapareceu numa reportagem que revelava um plano de estourar bombas em locais estratégicos do Rio de Janeiro. A revista publicou um desenho que detalhava o plano. O croqui, supostamente de autoria do capitão, comprovaria a conspiração em curso no Exército.
Instado a prestar contas, Bolsonaro foi considerado culpado no primeiro julgamento, e mais tarde inocentado pelo Superior Tribunal Militar (STM). Após a decisão da corte, deixou a farda, passou à reserva e ingressou na política. Esta é a reportagem mais completa já escrita sobre esse período pouco conhecido.
O autor examinou a documentação do processo (reproduzida no livro) e escutou as mais de cinco horas de áudio da sessão secreta ? ambos disponíveis no STM. Também entrevistou personagens que atuaram no caso, entre jornalistas de Veja e militares colegas de Bolsonaro.
Além de reunir indícios suficientes para apontar que a autoria do croqui, como sustentou Veja até o fim, era mesmo do capitão, Maklouf reconstitui um episódio decisivo não apenas para a trajetória do presidente eleito em 2018, mas também para a redemocratização e o jornalismo no Brasil.
Confira entrevista de Maklouf ao Estadão: