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MARYLIN MONROE E A MARCA QUE FICA NO AR - Revista Publicittà MARYLIN MONROE E A MARCA QUE FICA NO AR - Revista Publicittà

MARYLIN MONROE E A MARCA QUE FICA NO AR

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Por Alexandre Nunes*

“O que eu uso para dormir? A parte de cima um pijama? A parte de baixo uma camisola? Então eu disse Chanel Nº5, porque é verdade. Eu não quis dizer eu durmo nua” afirmou Marylin à revista Magazine, em 1955. Assim Marylin Monroe, ícone absoluto do cinema estamparia a campanha da Chanel que a privilegiou devido à espontaneidade e feminilidade em citada entrevista. Marylin movimenta, ainda hoje, bilhões de dólares no mundo todo e encabeça a Forbes há décadas na lista de celebridades mortas mais rentáveis.

Ao visitar o site da marca, nos deparamos com a imagem de Gisele Bunchen, a modelo que mais fatura no mundo todo e se despediu das passarelas ainda este ano. A Chanel associa sempre uma personalidade feminina de grande força à sua marca que nasceu com uma representante de peso que lhe empresta o nome, Coco Chanel, uma visionária que inovou na moda do início do século XX e na alta costura da sociedade daquele tempo. Seus chapéus, bolsas e acessórios, arrojados, pareciam revelar mais que uma pequena ousadia no vestir-se. Era uma marca com todo o nome e notoriedade que podem ser relegados ao termo. Marca! E pra se tornar uma “marca” a inovação torna-se fundamental, bem como a impressão de personalidade.

Com bolsas que mesclavam elementos masculinos e femininos e inseriam a moda feminina em um outro patamar, Coco Chanel deu início à uma franquia de lojas que, no decorrer do tempo, se tornaria um verdadeiro império. E o perfume da marca chegou à alcova de Marylin, que irônica e provocativa, respondeu à pergunta do jornalista da revista Life Magazine, poucas roupas e quiçá nenhuma e umas gotinhas de Chanel.  Não é pra ser eterno? Claro!

Eterno aqui trata- se de simples, feminino, nem por isso menos forte. Basta olhar Marylin uns poucos segundos no vídeo para notar… É… Tem algo ali, “marcante”! Tome-se por marca revelar uma nova faceta de existir ao mundo que, talvez , o próprio mundo desconheça. Seja um simples acessório, bolsa, ou uma fragrância, um aroma diferente, um traço característico e idiossincrático deve ser lembrado, enaltecido. Marylin, tinha todo enigma, e vulto de dama do cinema, porém, seu lado sombrio, revelou-se fatal, bebida, álcool, descontrole emocional. Figura exposta e decomposta aos olhos nus e ávidos, ela acabou por aproximar-se de todos, humana na força, brilho e falha, revelar a si algo muito difícil nos hodiernos em que todos se escamoteiam: medo de uma “marca” errada na visão daqueles com quem convive. Talvez a despreocupação com a imagem revele a imagem que todos queiram ver.  Revela-se, mostrar-se, enfraquecer-se, isto distingue, aprofunda, aproxima, isto torna uma marca eminentemente humana, verdadeira, isto é o que a Chanel viu em Monroe. Isto é vida e marcas. Talvez estas grandes “deusas” resvalam-se  no etéreo, no sublime, mas o mais instigante é quando elas erram uma fala, cometem uma gafe, caem de paixão e se aproximam de todas as mulheres de uma só vez, porque suas quedas as tornam humanas o que gera marca, esculpe uma nova deusa… Eu tenho a minha… Que sorria de passarinhos…

Eu a vi encenando “Fala comigo doce como a chuva”, ganhando a cena, errando e acertando, mas bela por si só, com uma essência única. Bela de se ver, de se sentir e quando errava, errava bonito… Tão Mari, bela, diva, menina, tão Monroe. Ao ver Mariana Livinalli Rodrigues encenar seu texto de um compêndio de peças curtas que compôs o espetáculo teatral Um ato por Tennessee Williams sob direção de Stela Fischer no Globe-SP Centro de Formação do Ator, me lembrei de imediato de Marylin Monroe em “Quanto mais Quente Melhor” sob direção de Billy Wilder. No filme, Marylin encontrava-se tão à  vontade na pele da cantora Sugar Cane… A bela se apaixona por Joe, fugitivo que presenciou um massacre de um gangster, tem de se vestir de mulher e entrar na banda de Marylin.  A atriz hollywoodiana sorri sem falha e acerta sem medo, sou capaz de desligar-me da trama e apenas fixar-me em seu olhar por instantes, bruxa enigmática e potente…

Uma “marca”! Sorriso potente, força cênica em gestos simples e delicados, assim minha querida e doce Mari vem à mente… Mari Livinalli estava plena em “Fala comigo doce como a chuva” cada centelha de movimento era enorme, sua presença era sua marca, não precisava de muito para se destacar, toca na pele e aquece, o sorriso de Mari Monroe, uma “marca”, imortal, tão imortal e doce como Marylin, doce como a chuva, chuva que era da mesma fímbria de seu sorriso… Comovente e forte. Eu tive uma Marylin em minha vida, deuses do teatro e Dioniso “safadão” grato por isso….

No início de setembro deste ano, Mariana Livinalli Rodriguez se tornou “passarinha”. Após sofrer um acidente enquanto pedalava na cidade de São Paulo, a modelo e atriz sofreu traumatismo craniano e veio a falecer na referida data no vigor de seus 25 anos. Eu a conheci como uma atriz, mas acima de tudo, ser humano, não deste clichê tolo, mas como “marca” e potência. Chamado a fazer uma matéria sobre Marylin, a passarinha veio em minha mente como num sonho, num lapso, numa faísca que me trouxe de volta a imagem da foto que ela postou em rede social, o Facebook, e sobre a qual dialogamos, rapidamente como é do meio  digital.

mariana.alexandrenunes

Damas nunca morrem. É um pecado fatal e certeiro de espírito pensar assim, parem com isso! Em meu coração teu trono de sonho , fantasia e juventude foi erigido pra sempre. Ela será sempre uma tatuagem de juventude no espírito daqueles que a conheceram, será sempre lembrada jovem e plena vendo passarinhos em horas de discutir trabalho… Uma ruga em teu rosto seria um ultraje, Era com rugas? Jamais! A dor da partida é de pensar que hoje parece que fazem 200 anos que você se foi… Era Marylin porque por um instante de poesia e paixão, uma terrível fuga da realidade, talvez, a verdadeira realidade. A imagem fixada de juventude nunca envelhecerá, isto faz Mari tão Marylin, que é “marca” de campanhas póstumas porque sempre bela, jovem e eternamente sexy, assim sem muito, no menos, hipnotiza, nunca enruga, efígie atemporal de doce pecadora… Mari Monroe… Fadas chegam na meia- noite como Cinderelas e depois vão embora, fica apenas frisson e encanto. Canarinha que piava fino no espírito de cada um, pio que resvalava na alma e convicções de cada um, um pio que arrepiava o coração, você era uma sonoridade nova de existir, não conhecemos seus mistérios e uma canarinha não vai revelar tudo, vai fazer que nem beija-flor encantar, enamorar e partir… Era canarinha, canarinha mor, piu, piu, Mari saudade, piu,piu…

Ao citar Chanel e suas poderosas, bom relembrar a história de uma garota que, com seus traços de feminilidade e espontaneidade representa tantas mulheres por ai afora que tem em sua personalidade, um pouco de Monroe, desta substância que traz a flagrância que acalenta o espírito no labor coetâneo, talvez estejam ai estes frascos de poder e sedução a nos revelar uma forma de lidar com o mundo, única e definitiva, mais doce, lúcida, ah Marylin levante o vestido, tesão e loucura, marca indisciplina e desregrada de existir, levantem todos o olhar, o que marca é o que fica. Na tentativa de hipnotizar, somos zumbis com um sorriso e abraço quente… Happy Birthday to youuuuuu! Happy birthday to youuuuuuu!  Ah Mari Monroe… Eu gosto tanto de você que até prefiro esconder, deixo assim ficar subentendido, como uma idéia que existe na cabeça e não tem a menor pretensão de acontecer. O que eu ganho e o que eu perco ninguém precisa saber… Marca de sorriso e amor, mulheres de pecados e erros graves de encantar no existir, um flash, um sorriso e uma foto, strake a pose, vogue, vogue…

*Alexandre Nunes é Mestre em Artes, ator e dramaturgo. Trabalha no Globe-SP.

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