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OS DESAFIOS DA LONGEVIDADE

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O III Fórum Internacional da Longevidade realizado pelo Centro Internacional de Longevidade (ILC-BR), com patrocínio do Grupo Bradesco Seguros, nos dias 21 e 22 de outubro, deixou como pauta para o próximo ano a relação entre a população que está envelhecendo em todo o mundo e a tecnologia, tanto voltada para a saúde como o entretenimento e o relacionamento por meios digitais entre diferentes gerações. Durante dois dias, o fórum reuniu cerca de 250 especialistas nacionais e estrangeiros no auditório do Grupo Bradesco Seguros, no Rio de Janeiro,  que trocaram informações e experiências de ações que ocorrem em todo o mundo. Uma ação que mereceu destaque especial tem como protagonista o Programa Porteiro Amigo do Idoso do Grupo Bradesco Seguros que atingiu, no segundo semestre, 1.450 porteiros treinados e chegou a novas regiões do país, ampliando sua atuação do Rio de Janeiro e São Paulo para os estados do Espírito Santo e de Minas Gerais, chegando também a novos bairros no Rio e cidades em São Paulo (Campinas, Ribeirão Preto e Santo André).

A ação concreta e os resultados do programa Porteiro Amigo do Idoso, assim como os do Circuito da Longevidade, de corrida e caminhada, que já repassou R$ 2,4 milhões para diversas entidades de inclusão social, resultado da arrecadação com inscrições que envolveram de 2007 a 2015 devem envolver mais de 350 mil participantes até o final da temporada de 2015, além do fórum e dos Prêmios da Longevidade, foram apresentadas por Rosana Rosa, subgerente Departamental de Desenvolvimento de Pessoas, e Leila Rosimeire, gerente da área de Responsabilidade Socioambiental da empresa. Elas pontuaram os resultados positivos dessas iniciativas, lembrando que a longevidade está no DNA da seguradora que tem como missão proteger os bens materiais e os mais precioso de todos eles, a vida, da sociedade. Leila explicou a importância do reconhecimento dos porteiros e o quanto a formação profissional deles contribui para a autoestima do trabalho executado por esses profissionais reconhecidos e admirados pelos idosos em pesquisas realizadas para a empresa.

Outras iniciativas no Brasil e de vários países foram relatadas, entre as quais programa da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) para mensurar as ações das cidades paulistas em prol do idoso, facilitando seu reconhecimento como Cidades Amigas do Idoso, conceito difundido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esse projeto foi apresentado por Ina Voelcker, coordenadora de projetos do Centro Internacional de Longevidade do Brasil (ILC-BR), presidido pelo gerontólogo Alexandre Kalache, ex-diretor da OMS e consultor do Grupo Bradesco Seguros para assuntos relacionados à longevidade. Já Diego Bernardini, também do ILC-BR, defendeu a simplificação das recomendações médicas aos idosos, pois a forma com que transmitem diagnósticos e prescrições ainda é muito distante da realidade dos idosos. “Se não for simples com o idoso, ele não vai entender”, explicou, lembrando que o idoso não consegue procurar informações de saúde na internet ou por outros meios com a mesma facilidade que os mais jovens.

Entre os casos internacionais, destacaram-se os apresentados pela diretora do ILC-Holanda Marieke van der Wall, focado em práticas de mobilidade e cidades mais amigas do idoso de forma a reduzir a dependência deste do estado, pois os gastos com aposentadorias já representam um dia de trabalho de todos os holandeses e o custeio de saúde outro dia de trabalho, portanto, aliviar o peso dos custos garantindo maior qualidade de vida tornou-se um desafio; pela presidente do ILC-República Dominicana, Rosy Pereyra, pautado na oferta de cursos para a terceira idade, mantendo-a ativa no campo do conhecimento; pela presidente do ILC-Israel, Sara Carmel, onde o destaque é a integração entre idosos e crianças nas escolas, numa troca harmoniosa de saberes.

Já o japonês Shinichi Ogami, gerente de projetos do ILC-Japão surpreendeu com dados mostrando que há um certo estereótipo, no Ocidente, sobre como os idosos são tratados em países asiáticos. Ele relatou que, no Japão, 76% dos homens e 49% das mulheres idosas, entre 60 e 64 anos, ainda estão inseridos no mercado de trabalho. Ainda segundo Ogami, os japoneses já treinaram mais de 5,5 milhões de pessoas a fim de capacitá-los para cuidar e apoiar famílias de idosos com demência. Outro dado relevante é que, no país, o percentual dos idosos que vive bem e com a família chega a 40% no interior, mas na área metropolitana a maioria vive sozinha e deprimida. Na Coreia do Sul, a realidade é mais preocupante: a taxa de suicídios entre os idosos é muita alta.

A presidente do ILC-Canadá, Margaret Gillis, trouxe de seu país a boas práticas de cidades que estão criando áreas e bairros onde os idosos possam contar com serviços para uma vida ativa. Jaco Holffman, copresidente do ILC-África do Sul, relatou que seu país, ainda que jovem, começa a desenhar políticas voltadas para o envelhecimento da população, visando manter os longevos incluídos na força de trabalho, sobretudo pelo conhecimento que possuem.

Lia Daichman, presidente do ILC-Argentina, apresentou justamente um projeto que, com apoio do governo federal, está unindo jovens em escolas técnicas e idosos para a produção de equipamentos para quem tem mobilidade reduzida, desde bengalas a meios de tranporte individual mais eficiente. Jayant Umranikar, coordenador do ILC-Índia, surpreendeu ao dizer que não é gerontólogo nem geriatra, nem médico, mas policial aposentado da área de inteligência que atua no órgão em uma das áreas que mais preocupa o idoso: a segurança. Relatou a experiência do Helpline que foi implantado para receber as denuncias de idosos, sobretudo de maus tratos, brigas constantes por seus rendimentos e disputas por bens. Ele explicou que na Índia, todas as ações são desenvolvidas por voluntários e estes acionam os meios governamentais para contribuir na solução dos problemas.

Outro fator importante para o envelhecimento está na solidariedade. Ruth Finkelstein, diretor do ILC-EUA, lembrou que, quando o furacão Sandy arrasou Nova York em, 2012, os idosos foram os mais atingidos pela falta de eletricidade, uma vez que a cidade é vertical e muitos têm mobilidade reduzida, então contaram com o suporte dos mais jovens para abastecimento e proteção. A mesma solidariedade trouxe de exemplo Didier Halimi, consultor do ILCV-França, onde a crise previdenciária, por força do envelhecimento da população, passou a exigir de organizações não-governamentais maior suporte aos idosos, uma vez que a queda no rendimento implica na velhice em queda da qualidade de vida que se deseja ativa.

A baronesa Sally Greengross, presidente do ILC-Reino Unido, trouxe a importância de seu buscar na legislação suporte para os interesses dos idosos, que tem defendido na House of Lords, a Câmara dos Lordes, que exerce poder consultivo para a Câmara dos Comuns, equivalente ao nosso Congresso Nacional. Sally contou da importância de ser ver o idoso como uma parte importante e relevante da sociedade pelo conhecimento que retém. Mary Ann Geronimo, do ILC-Singapura, ressaltou que os sistemas integrados que visam a sustentabilidade do atendimento a idosos num país de economia jovem, população jovem mas que também começa a envelhecer. Yovonne Wells, do ILC-Austrália, trouxe a experiência de cidades como Melbourne que tem investido na convivência intergeracional como fator de contribuição para a qualidade de vida de todos os cidadãos.

A demência, que atinge muitos idosos e tem ao qual tem se dedicado o Swedish Care International (SCI-AB) foi outro tema tratado no fórum em experiência relatada por Ludivig Mörnesten. Ele contou que há 20 anos, desde que enfrentou a doença da mãe, a brasileira Alice Soares de Toledo, a própria Rainha Silvia da Suécia tem se dedicado a essa causa por meio de fundação que criou este fim e que premia com broche todos os profissionais que se dedicam a cuidar daqueles que têm demência. A SCI, disse ele, criou aplicativo para que músicas do tempo dos idosos sejam resgatadas e possam propiciar momentos de emoção, contribuindo para diminuir o curso da doença. Da mesma forma, existe projeto que integra esses idosos ao futebol, assunto predominante entre os homenes, com a criação de redes que permitam que tenham uma vida mais ativa.

Também foram apresentadas no último dia do fórum as estratégias “Amigas do Idoso” das universidades por Luiz Roberto Ramos, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), que hoje abriga a antiga Escola Paulista de Medicina, e Renato Veras, da Universidade da Terceira Idade (Unati/UERJ), que destacou a oferta de cursos e integração há 20 anos entre os alunos dos cursos normais de graduação e os da terceira idade, enquanto na universidade paulista o foco tem sido a multidisciplinariedade necessária para o atendimento de idosos. Também de São Paulo, Latif Abrão Junior, do Hospital dos Servidores de São Paulo (IAMSPE), trouxe a experiência dessa unidade no atendimento a idosos por meio da simulação de deficiências comuns dos idosos por parte dos funcionários.

A psicóloga Ligia Py, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez a palestra de encerramento falando da importância do amor entre todas as idades e da solidariedade e generosidade que são gestos de amor. Mostrou que o amor é a nossa principal e mais vigorosa liga e que, na velhice, as demonstrações de carinho são importantes tanto quanto como para a criança, pois nos reafirmam e reforçam os ciclos da vida, ainda que muitas vezes o amor exige o contraponto da dor. Mas é importante nunca desistir da vida, do amor e de quem amamos.

Brasil, um país de pediatras e obstetras
Luiz Roberto Ramos, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), antiga Escola Paulista de Medicina, trouxe um dado alarmante, apesar do envelhecimento da população brasileira, com a estimativa de que seremos 24 milhões com mais de 60 anos em 2015, segundo projeção do IBGE, temos apenas 716 geriatras para 22 mil pediatras formados até o final do ano passado e impressionantes 11 obstetras, apesar da queda nas taxas de natalidade e do menor número de crianças em relação a idosos. “A realidade demográfica caminha numa direção e os formandos de medicina em outra”, reconheceu Ramos, ressaltando que esse é outro problema a ser enfrentado pelo país muito em breve.

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